Confesso que vivi, li e aprendi
Hoje comemoro 60 anos de vida vivida, graças a Deus!
Para resumir uma história de vida de 60 anos é preciso fechar os olhos e lembrar muita coisa lá de trás. No Pequeno Príncipe, Exupéry diz que “todas as pessoas grandes foram um dia crianças – mas poucas se lembram disso”. Acho que tive pouco tempo para ser criança.
Dentre as lembranças, trago vivas figuras significativas: meus queridos pais, já falecidos, pessoas simples, de grandes valores individuais muito presentes em mim. Lembro deles todos os dias da minha vida.
Da adolescência, trago recordações de um período difícil e que se tornou um marco na minha maturidade precoce. O ano era 1976. Meu pai demitido às vésperas do Natal. Naquele final de ano, faltou de tudo para a minha família, menos dignidade e fé.
Em fevereiro de 1977, por força das circunstâncias, aos 14 anos de idade, comecei a trabalhar em uma editora no bairro de São Cristóvão/RJ. O salário era pequeno, mas, em muitas ocasiões, passou a ser a única fonte de renda da família. Saía cedinho de casa e voltava já tarde da noite. Levava comigo o beijo da minha mãe nas manhãs sempre escuras, às vezes frias e chuvosas, outras vezes quentes e abafadas. Levava também uma prece. Uma prece que rogava ao Divino Pai Celestial que guiasse, protegesse e, no final do dia, trouxesse de volta para casa, com segurança, o seu caçula que ela tanto amou em vida, e, com certeza, ainda ama lá do Céu.
E, dia a dia, as preces foram sendo atendidas...
Tanto tempo se passou desde então...
Sei, que o passado, como o próprio nome diz, passou, mas, citando o grande poeta chileno Pablo Neruda, meu inspirador em Confesso que vivi “tomei um caminho porque acredito que esse caminho nos leva, a todos, a essa amabilidade duradoura”. E é desse caminho, é dessa amabilidade duradoura que estou falando. Pois da mesma maneira que me marcou e mudou a minha trajetória de vida, talvez fique de lição para que outras pessoas possam valorizar o seu passado e tirar dele os ensinamentos necessários para a sua realidade cotidiana!
Pois então, cheguei aos 60 anos com a minha esposa Léa que é o meu presente maior e parceira de vida, com essas bençãos que são a minha filha única e absoluta Lú e o meu neto querido Théo, com as minhas queridas irmãs Vanda e Vera, sogra e sogro, genro, cunhados e cunhadas, sobrinhos e sobrinhas, primos e primas, tias, enfim, cheguei aos 60 anos com os amigos e os amores que a vida me deu...
E, fazendo as contas, descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora! Tenho muito mais passado do que futuro! Não tenho motivos para tristeza! Vou olhar para o passado com gratidão, para o presente com alegria e para o futuro com muita fé, e é claro, sem muita pressa!
Assim seja!