Quebrando as “amarras”
1922 – Brasil, país recém-descoberto e carente de quase tudo, trazia da Europa desde imigrantes até cultura. Com quase 400 anos de fundação, era natural a importação do que de melhor havia “lá fora” desde a moda, a formação acadêmica e com esta a Arte e a Literatura, próprios de uma erudição já sedimentada na Europa e modelo para os países em desenvolvimento.
Um grupo de intelectuais, que também se utilizara dos estudos de além-mar, sentiu-se incomodado com a falta de identidade de nosso país. Antevendo mudanças que se concretizariam na Europa no século XX, eles começaram a se organizar, mais precisamente em São Paulo, e promoveram a Semana de Arte Moderna (13 a 18 de fevereiro).
Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Graça Aranha, Manuel Bandeira, Menotti del Picchia, Víctor Brecheret e outros publicaram revistas, manifestos, desafiaram as regras europeias em favor de uma Língua e de uma Arte nacionais.
Anita Malfatti destacou-se com sua obra Antropofagia; Mario de Andrade com Macunaíma, Oswald com seus textos cheios de brasilidade e crítica ao sistema vigente, Brecheret na escultura e Heitor Villa-Lobos na música: uma revolução artística. A partir daí, com a divulgação de nossa Arte e Cultura, surgiu o Modernismo em nosso país.
O Brasil, que há um século viu rompidas as amarras políticas de Portugal, assistia, então, a ratificação da sua liberdade artística e cultural!
Texto publicado na antologia "Séculos de Pátria, Fronteira e Arte – setembro 2022, idealizada por Maurílio T de Campos.