O GRITO DOS EXCLUÍDOS
Abençoada seja a nossa Pátria,
Engalanada de verde e amarelo,
Gigante, plácida e amorosa,
Mãe gentil que nos protege ,
Nos nutre e nos embala.
Abençoadas sejam as florestas,
Densas, misteriosas e belas.
A diversidade da fauna e da flora,
A população ribeirinha , as tribos indígenas,
Guardiães de toda essa imensa riqueza.
Abençoadas sejam as águas andarilhas,
Calmas, ondulantes e estrondosas
Serpenteando as verdes matas,
As planícies, as montanhas
E se derramando em cascatas.
Abençoado seja o Rio Amazonas,
Extenso, largo e silencioso.
Porto de partida, de travessia e chegada.
De margem em margem desenhando
Seu grande destino rumo ao oceano.
Abençoado seja o nosso solo,
Manancial de fartura e riqueza.
As jazidas, o ouro e o diamante,
Moeda forte que gera cobiça e morte:
O Eldorado, um sonho ainda distante.
Abençoados os que aqui sempre viveram
Em completa harmonia com a natureza.
Os nativos com sua milenar sabedoria,
Seus costumes, suas línguas, suas lendas.
Dizimados, ameaçados e explorados
Abençoados os que caíram mortos
Lutando pela preservação das florestas,
Os que não se renderam à ganância,
Os que não mancharam a nossa bandeira
Cobrindo-a de cinzas, lágrimas e sangue.
Abençoado todo o povo brasileiro
Formado pela mescla de muitas raças:
O índio, o negro, o mulato, o cafuso
E o imigrante que com seu árduo trabalho
Aqui semeou, plantou e colheu.
Abençoados os trabalhadores anônimos
Que apesar de tudo, do trabalho escasso,
Do salário minguado, da pobreza e da fome,
Sonham com um país mais justo,
Mais humano e mais fraterno.
Abençoado seja este dia
Em que a nação se veste de festa
Para celebrar a Independência.
Não com o brado forjado de falsos mitos,
Mas com o grito contido do povo oprimido.