Temperos da vida
Eu nunca precisei de muito para ser feliz.
Das boas lembranças que carrego comigo, um singelo convite para tomar sopa era o suficiente para alegrar minha menta cansada e meu coração aflito.
O chiar da panela era a minha música favorita... e ele invadia aquele lugar.
A simplicidade em volta de mim me abraça com tanto zelo.
Foram nos dias cansados e puxados que eu aprendi a gostar de sopa.
Eram no borbulhar e mexer de uma panela que eu sentia o cheiro do cuidado. Aquele recipiente carregava o peso de comportar, cuidadosamente, verduras, amor, massa, histórias e confissões.
Aquelas mãos colocavam os ingredientes necessários que temperavam a minha vida, deixando os dias mais gostosos e leves para prosseguir.
Era um universo inteiro por trás do “Hoje tem sopa”:
“Só pa” te abrigar,
“Só pa” te cuidar,
“Só pa” te aquecer,
“Só pa” te agradecer.
Era ali que eu matava a minha fome de amor e me enchia de esperança.