A Guimarães Rosa...

 "A Terceira Margem"

 

No bairro onde moro tem um rio, nos dias de chuva forte, o nível das águas aumenta e a correnteza leva diversos objetos que estavam nas margens: garrafas PET (Politereftalato de etileno) brinquedos quebrados, sacolas plásticas, entre outros. Quando a chuva fica suave, gosto de observar as flores da linda e antiga paineira, plantada bem próxima ao rio, flutuarem feito barcos de papel, cor- de- rosa e frágeis, colorindo por um breve tempo suas águas escuras. Ao concentra-me no rio, penso em liberdade, viagens...

 

Lembro-me de um conto de Guimarães Rosa “A Terceira Margem do Rio”, em  que um homem de meia-idade deixa sua família e amigos para viver isolado em uma canoa no meio de um rio. Na solidão das águas, ele busca encontrar-se, ou fugir de si mesmo? Seja qual for a resposta, o mistério permanece, o rio levou sonhos, vidas, e deixou saudades, inquietudes... Levou e leva ainda retratos, sons e emoções escritas no coração de cada pessoa, que o observa e deixa-se enfeitiçar por suas misteriosas, “três margens”: “Mas, então, ao menos, que, no artigo da morte, peguem em mim, e me depositem também numa canoinha de nada, nessa água que não pára, de longas beiras: e, eu, rio abaixo, rio a fora, rio a dentro — o rio.” Guimaraes Rosa

 

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"Felicidade se acha é em horinhas de descuido" Guimarães Rosa

 

"João Guimarães Rosa (1908-1967) foi um escritor brasileiro. Foi também médico e diplomata. Sua principal obra, "Grandes Sertões Veredas", é considerada uma obra prima da literatura brasileira. Guimarães Rosa nasceu na cidade de Cordisburgo, Minas Gerais, no dia 27 de junho de 1908."