HOMENAGEM A UM HERÓI (Poema Infinito para Samora Machel)

Num ambiente campestre, de linda paisagem

De algum rio florido, talvez, à margem

Nasceu um generoso menimo– O personagem–

Duma linhagem de guerreiros de coragem

Que, vindo do futuro, como uma divina triagem,

Escalou a pérola, a qual vemo-la no Além,

Pálida. . . fugindo-nos veloz como trem. . .

Enquanto menino, entre a miudagem,

Dedicou-se à pastagem e à aprendizagem. . .

Dominou a ciência e a técnica. . . a linguagem. . .

Fez-se homem íntegro, determinado. . . de coragem,

Trabalhou no hospital(. . . ) na Enfermagem. . .

Gentil–homem, generoso. . . de coragem,

Que,– tendo ingressado nas fileiras–, na triagem,

Surpreendeu o mundo co'a sua imagem

Tão sagaz quanto ao amor. . . a linguagem. . .

Tão destemida quanto a força. . . a mensagem

Que deixou-nos numa inviolável embalagem

E recordamo-la tristemente, sobretudo na miragem;

Nesta falsa aragem onde falta-nos coragem

Para dizer "Abaixo. . .!":– Abaixo a sabotagem!

– Abaixo ao igoismo e à clivagem!

– Abaixo ao tribalismo e à boicotagem!

– Abaixo ao regionalismo e à malandragem!

– Abaixo ao cabritismo e à inveja que nos aleija!

– Chega aos insensíveis, e aos que agem

Tirando sempre vantagem na estiagem,

Enquanto os nossos olhos, como uma barragem,

Derramam lágrimas na filmagem e reportagem!

– Chega "aos que não se agitam", nem reagem

Quando os sanguessugas sugam o sangue

E a desgraça vai e vem como um bumerangue!

– Chega ao excesso de luxo no lixo. . . Exangue

é o povo descalço, a pé. . . de bicicleta–mustang

Amaldiçoando um tal de . . . "Pedro–Xang"

Nesta triste tristeza transformada em tatuagem. . .

Esta tristeza que temo-la em alta voltagem,

Está esperança que temo-la em mínima dosagem;

O amor ao que nos une e edifica, idem;

A riqueza que devia nos sustentar e alegrar, ibidem. . .

Nasceu. . . assim, no chão da Pátria, como vagem

E de folha em folha fez-se a fresca folhagem. . .

Cresceu. . . Formou-se

Transformou-se

Tornou-se robusto. . . fez-se a ramagem,

E, sem paragem, sonhou com uma paisagem

Que fosse para todos na mesma dosagem:

Para todas as gerações. . . até para A da "Viragem" . . .

Sonhou com o respeito, a dignidade;

Sonhou com o amor, a liberdade;

Sonhou com a honestidade, a verdade. . .

E vão nesta carruagem

A integridade, a justiça e a Unidade (. . .)

Porém, voltando p'ra o aconchego. . . pasmem:

Da inadiável viagem, depois da decolagem,

Vindo. . . Veio vindo, calma e tranquilamente. . .

No entanto, num instante, de repente,

Na planagem da águia metálica. . . da fuselagem,

Ouve-se um baque estranho na aparelhagem:

Caos na pilotagem. . .

Regressiva contagem. . .

Derrapagem na aterragem. . .

E, assim, sem travagem,

Foi-se o gentil-homem nessa curta-metragem

Que bem queria, o povo, que fosse longa. . .

E, sem mais delongas,

Vai nesta singela homenagem

Onde, – depois de uma inconclusiva peritagem–,

Fica o seu nome, a História, e a mensagem

De ter sido um visionário na sua abordagem. . .

Hoje ouço o seu silêncio na praça. . . coragem!!!

E, vendo-me aqui, assim, numa nova roupagem

E maquiagem,

Escrevendo e lendo em sua homenagem

Apetece-lhe acordar e fazer uma reciclagem

Deste nosso "amor à Pátria" que parece picotagem. . .

Esta Pátria que vendemo-la ao preço de. . . bobagem!

Octaviano Joba

Para hoje, dia 25 de Junho, Dia da Independência de Moçambique, deixo este poema em Homenagem ao Marechal Samora Machel, Primeiro Presidente da República de Moçambique.

Octaviano Joba
Enviado por Octaviano Joba em 25/06/2022
Reeditado em 10/07/2022
Código do texto: T7545225
Classificação de conteúdo: seguro