MEUS PAIS QUERIDOS...
Em março de 1965, meus pais se casaram!
Meu pai carpia chão, plantava, colhia, estocava...
Minha mãe cuidava da casa, varria o terreiro, cozinhava.
Eles se informavam pelo rádio de pilha e pela fala dos coronéis.
Meu pai destocava terra para plantar grãos!
Minha mãe desencaroçava algodão, fiava, tecia...
Fazia colchas, cobertas e as nossas calças de domingo.
Eles pescavam no córrego, faziam pamonhas, matavam porcos.
Meus pais nunca pensaram em ser Grandes!
Se contentavam em ser honestos, trabalhadores e cristãos...
Eram pecadores, humildes, choravam, não se desesperavam.
Eram corajosos, destemidos, enfrentavam; não esperavam quietos.
Minha mãe sentiu as dores dos três partos!
Era gritos, correria, desespero e depois, o bebê.
Escapavam por milagres, naqueles ermos do sertão de Goiás.
Meu pai se foi cedo, minha mãe, graças a Deus; ainda está por aqui!