*SAUDADES, MÃE

Mora aqui por todos os poros meus
Oras a menina de cachos dourados
Na bica da casa, chuva, noite breu
Dos sonhos que sonharam guardados.

Saudade, palavra inda enraizada
Cria vulcões e deporta emoções
Atravessa fronteiras em rajada
Perfura, sangra, partilha canções.

Na minha saudade uma se amordaça
Fustiga e respinga seca e amortiza
Olho a cicatriz tal qual a carcaça.

Encubro sem temer que a luz acenda
Apenas na penumbra que se resvala
Mãe, saudade é vulcão, cinza e fenda

Sonia Nogueira

 Soneto lido no primeiro encontro da Academia dos Municípios do  Ceará, após dois anos de isolamento literário.







Sonia Nogueira
Enviado por Sonia Nogueira em 22/05/2022
Reeditado em 29/05/2022
Código do texto: T7521574
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