Coisa de Wellingthon

Meu pai amava o próprio o nome, Welington. Por isso decidiu batizar o primogênito com o mesmo nome, com a adição de algumas frescuras, Wellingthon.

Me pareço em alguns níveis com o meu pai, que não tive o prazer de conhecer muito bem. Principalmente na vaidade. Meu pai era muito vaidoso. Talvez pelas frescuras do meu nome, eu seja ainda mais. Coisa de Wellingthon.

Meu pai era um apaixonado, acho que também coisa de Welington. A diferença é que ele nunca conseguiu amar uma pessoa só de cada vez. Eu sou um pouco mais chato em relação a isso, culpa as frescuras do meu nome.

Conheci mais meu pai pelos outros do que por ele, e muito mais no fim de sua vida do que durante. As vezes não sei se posso dizer que sinto falta dele ou falta de o ter conhecido. Assim, não sei exatamente pelo que chorar, mas choro.

Acho que se ele me visse chorando por ele hoje me mandaria enxugar as lágrimas e ser forte, como ele. Me mandaria ser mais sociável, para que fosse querido como ele, que teve uma carreata no próprio velório. Mas no final das contas eu ainda colocaria a culpa nele, que me fez um Wellingthon mais fresco com essas frescuras do meu nome.

Por muito tempo me incomodou o fato de ter o mesmo nome que o meu pai. Até eu ter que parar para me despedir e conhecer o homem que me batizou. Não conheci bem meu pai, mas ouvi que foi um bom homem, simples e vaidoso. Pragmático. Foi o que ouvi.

Há não muito tempo completou um ano que ele me ensinou o verdadeiro significado de “para sempre” e “nunca mais”. A vida é uma eterna possibilidade, o que não é eterna é a vida, e a morte é para sempre. Eu sonhei a vida toda com o dia da redenção, onde ele iria vir me conhecer de fato, saber da minha vida e da falta que fez. Pedir perdão. Mas, enfim, a morte, e “nunca mais”.

E sobre as possibilidades da vida, passei a gostar muito do meu nome. Wellingthon, com frescuras e tudo (obrigado, pai).