A esguiez do Ganso
Pousou nas Laranjeiras como um cisne elegante com um bico volumoso e estreito à procura da grama para matar sua fome. Todavia, não se obtinha ritmo em seu novo habitat, pois suas características não eram entendidas pelos seus treinadores e havia a vontade de um dia poder desfilar em sua noite de gala. Em meio a uma pandemia, um nobre curador o tinha em suas mãos para utilizá-lo em prol de uma legião de guerreiros. O seu espírito de companherismo contribuiu para que houvesse a resiliência da fênix, a ave que canta e das cinzas se levanta. E foi se lapidando pelos deuses do futebol a grande noite que Ganso com sua penugem verde, grená e branco exibiria os melhores momentos da arte chamada "futebol". Sua movimentação na luxuosa relva do Maracanã era um colírio até para os olhos da multidão rubro-negra. Era difícil lhe roubar a pelota, pois seus pés localizados para frente em comparação a outros jogadores impediam o bote preciso do adversário. E foi numa bela jogada que o maestro dominou elegantemente um tijolo que lhe fora enviado e o transformou numa preciosa esfera que rolou para os pés do dançarino colombiano que incorporou Ivair, "O Príncipe" dos anos 70, e que maliciosamente a entregou ao matador argentino para que o "L" fosse gritado em libras ao ser tocada no fundo da rede do gigante arqueiro de rosa. Era o triunfo do clube tantas vezes campeão e desta vez, graças ao talento da arte de Ganso.