Vai, meu irmão ...
Na época de garotos, a gente não acreditava que a vida pudesse nos levar para outros horizontes, diferentes daquele que tanto amávamos ... estava tudo ali!
A Ponta D'areia foi a nossa Terra do Nunca, sem Peter Pan, Sininho ou o pó de pirlim pim pim.
Aquele lugar foi um ponto de encontro, que conseguiu reunir personagens inesquecíveis ... Alexandre foi um deles.
Um sujeito muito bem enturmado e que trazia consigo uma luz de liderança muito interessante.
Me chamava de Mano e, juntamente com o Paulo, nos conduzia a fazer todo o tipo de traquinagens.
Lembro, com memória muito clara, que a gente ficava espreitando a carrocinha de cachorros e, de cima do muro do Vianense, com as mãos cheias de pedras a gente bombardeava o veículo que, na cabeça da gente, trazia a tristeza por conta da captura dos pobres cachorrinhos espalhados pelas ruas.
Depois era uma correria enorme com os caras atrás da gente ... o Paulo vai lembrar bem ... coisas de crianças.
Meu parceiro de violão, dos meus primeiros madrigais, das praias lotadas, das muitas namoradas, dos mergulhos e busca dos lugares mais fundos onde se escondiam os peixes mais nobres.
Naquela época, a gente aprendeu que ser feliz era quase que uma obrigação.
Quando a noite estava alta, a gente não ia dormir, fazendo planos, na esquina da Dona Bela, sobre o que iríamos aprontar no dia seguinte.
Precisaria me alongar muito sobre quem foi o Alexandre e o que teve de representatividade na vida de cada um daqueles garotos e depois homens, mas sempre amigos, com quem muito conviveu.
Há alguns anos, por telefone, propus a parceria em uma composição que pensava em fazer. Ele, dentro da sua realidade, comentou que gostaria de falar sobre a Ponta D’areia. Daí surgiu uma canção suave, quase que um lamento que intitulamos de Minha Rua Pequenina.
Deus é testemunha do imenso carinho e respeito que tínhamos um pelo outro.
Que o Pai Eterno cuide da sua alma, meu amado irmão.
Me aguarde que, com violões afinados, vamos fazer umas boas serestas aí pelos quatro cantos do Paraíso.
Fique em paz!