He's my brother
Seu nascimento foi celebrado como o de um pequeno menino jesus pelo pai eufórico,
Também com alívio pela quarta tentativa do casal em apresentar um varão à italianada,
Pelos tios, especialmente Alberto e Esther, sem filhos, como primogênito e maior alegria que creio, tiveram nessa vida.
A vizinhança toda o amava e ele foi a coisinha viva e mais linda que circulava à noitinha quando os mais próximos dispunham as cadeiras nas portas das casas e os demais, iam chegando e começava uma sessão de troca coletiva, deveras interessante.
Todo o Jaú ao nosso redor, e onde esteve conforme cresceu, o admiravam ou o respeitavam.
Para mim, foi o presente mais caro, o bonequinho mais precioso que eu, irmã, poderia desejar.
Veio de temporão.
Além da surpresa física de sua presença encantadora, logo se viu que ele nasceu com "aquele sei lá no peito", que também herdou do pai. O coração verde que logo se revelou, também herdou do pai, palmeirense roxo.
Contrariando a sociedade daquela época muito machista, contrariando a empáfia e arrogância do cenário que privilegiava o gênero masculino, ele veio boníssimo, justo, simpático, amoroso, e aí certamente entra o harém feminino da mãe profissional, muitíssimo independente, e das 3 irmãs que muito o mimaram, e as tias, e a população feminina da vizinhança que o festejavam a cada encontro.
Além de tantas qualidades, ele veio com o dom do bom humor, e provido da arte de fazer rir por suas imitações em especial de políticos e celebridades. Pura alegria!
Eu agradeço tê-lo em minha vida desde aquela manhã quando tia Olga nos acordou comunicando "acordem, vocês ganharam um irmãozinho". A mamãe não nos revelou porque sua barriga estava crescida, perguntada sobre, negou, acho que por vergonha da gravidez tardia. Naqueles tempos estas coisas eram detalhes que pertenciam aos pais e eles nos contavam o que queriam. Nós nunca questionamos ou nos chocamos com isso. Valeu a festa de recebê-lo, tão fofinho, correndo pela casa, e nos fazendo morrer de rir quando um dia sumido, deixou um bilhete escrito mais ou menos assim: "nan sei onde irei, nan sei, adeus". Foi achado creio que uns 10 minutos depois, na casa dos outros pais dele, nossos tios vizinhos, debaixo da cama com uma malinha e poucas peças de roupa.
Meu irmão eu amo você!
Com afeto e carinho,
Sua