Maria Maria
Maria...
Que sorri para a felicidade dos outros;
Que não nasceu para a seda;
Nem acolchoados.
Não reclama do frio ou calor das calçadas onde dorme
Que não tem tempo para o murmúrio
Maria, mal vista , suja e sem vestes
Que não sabe falar mal de ninguém
Embora na surdina da noite veja as mazelas dos hipocritamente santos
Bate o pé no chão e se diz feliz
Maria que não tem casa, nem no coração de alguém
Ama a liberdade de cair e levantar
Maria dos pecados
Negra arrepiada
Maria rejeitada , expulsa do sacrossanto
Ganha, diariamente, muitos olhares...
De rejeição!
Sorri , consciente , da inconsciência, vive livremente
Maria dos homens , do tempo e da rua
Mesmo sem roupa , nunca ficou nua
Poxa , Maria!
Como a vida foi puta contigo!
Minha santa Maria.