Um Ato De Grandeza De Falcão (Jogador)
Um hotel havia despejado o poeta Mário Quintana.
O poeta se encontrava sem dinheiro. Sem esposa e sem filhos. Se encontrava sozinho, sem esperança e sem rumo.
O porteiro do hotel, jogou na calçada um agasalho de Mário, que havia ficado no quarto, e disse com frieza: - Toma, velho!
Derrotado, recitou ao porteiro: - A poesia não se entrega a quem a define.
O poeta estava só. Totalmente só.
O então jogador da Roma Paulo Roberto Falcão, se encontrava em sua cidade natal e soube do acontecido.
Se dirigiu ao hotel e encontrou o poeta desolado. Triste, o poeta chorava.
O craque conhecido como Rei de Roma estacionou seu carro, caminhou até o poeta e o questionou: - Sr. Quintana, o que está acontecendo?
Mário ergueu os olhos e enxugando as lágrimas - daquelas que insistem em povoar os olhos dos poetas - e, reconhecendo o craque, lhe disse: - Quisera não fossem lágrimas, quisera eu não fosse um poeta, quisera ouvisse os conselhos de minha mãe e fosse engenheiro, médico, professor. Ninguém vive de comer poesia.
Mário Quintana explicou a Falcão que todo seu dinheiro acabou, que tudo o que possuía não era suficiente para pagar a diária do hotel.
Seus bens se resumiam apenas às malas depositadas na calçada.
Falcão colocou a bagagem em seu carro, em silêncio, abriu a porta para Mario e o convidou a sentar-se no banco do carona.
Manobrou seu carro e estacionou na garagem de um outro hotel. Ao descer as malas.
Chamou o gerente e lhe disse: - O Sr. Quintana agora é meu hóspede!
Por quanto tempo, Sr. Falcão? - indagou o funcionário.
O jogador observou o olhar tímido e surpreso do poeta e, enquanto o abraçava, comovido, respondeu: - POR TODA ETERNIDADE.
O Hotel Royal era propriedade do jogador!
O poeta faleceu Mário Quintana 5 de maio de 1994.
Parabéns pela sua grandeza Paulo Roberto Falcão!