Bartolomeu de Gusmão, pioneiro da aviação

Reencontrei uma velha gramática que ficou de minha mãe ou meu pai, já não sei dizer.  Trata-se do "Novo Manual de Lingua Portugueza", curso medio (assim com a), por João F. Pinto e Silva, edição de 1924. O livro está bem apagado mas ainda dá para ler e venho lendo, não tudo pois muita coisa são exercícios ou conjugações de verbos, mas tem também antogia de textos literários escolhidos. E que devem estar em domínio público, até porque antes de serem pinçados numa gramática devem ter saido em obras originais diversas.
Por oportuno, pois damos muito pouco valor a nossos cientistas e inventores, transcreverei o pequeno texto "O padre voador", assinado por R. Puigari:

"Em Santos, no ano de 1865, nasceu Bartholomeu Lourenço de Gusmão.  (Em tempo: a grafia é da época, como se vê no primeiro nome, mas daqui para frente transcreverei na grafia atual) Pertencia a uma família ilustre. Seu irmão Alexandre de Gusmão, foi notável estadista. Sua irmã, Joana de Gusmão, distinguiu-se tanto por suas virtudes, que chegou a ser julgada santa pelo povo de Desterro, hoje Florianópolis, onde morreu em completa pobreza.
Bartolomeu Lourenço de Gusmão, em tenra idade, foi para Portugal, onde estudou canones na universidade de Coimbra. Era pouco vulgar a sua ilustração; sabia com pureza a língua latina, falava com prontidão a francesa e a italiana, e conhecia bem a grega e a hebraica. Além do estudo das línguas, dedicou-se ao da física e a este estudo deveu sua grande nomeada e também o seu triste fim. 
Foi o inventor dos balões aerostatos. No dia 8 de agosto de 1720, fez a sua primeira ascensão perante a corte de Lisboa, causando assombro a todos.
O povo ignorante daquela época, não queria acreditar na realidade do invento do padre Gusmão. Chamaram-lhe padre passarola e padre voador; os poetas daquele tempo não podiam, por sua ignorância, compreender tão estranho sucesso, escreviam versos insultuosos que até hoje se conservam para vergonha de seus autores.
Acabou seus dias em um miserável catre em um hospital de Toledo, reduzido a extrema penúria, no dia 18 de novembro de 1724.
Só uns 64 anos depois (nota: aqui há um ligeiro erro de cálculo), em 5 de junho de 1783, em França, realizou-se uma nova ascensão aerostatica, feita pelos irmãos Montgolfier que entretanto passam por ser os inventores dos balões."

Nota: a foto é da capa do exemplar do livro, em seu estado atual.