Rock`and roll e 2008 (meu ano que nunca acabou)
(Homenagem aos colegas Roberto e Edson)
“Às 3 horas passamos aí”, disse um dos componentes do pequeno grupo de fanzaços de rock`and roll, do qual fiz parte por curtíssima, mas, memorável temporada.
Caprichoso, o colega planejava detalhes da viagem rumo à capital e lá chegávamos com todo o conforto e toda a segurança; bilhetes comprados no melhor preço antecipadamente, tudo perfeito.
Nunca havia estado num show, quanto mais num de rock`and roll internacional. A vida me deu essa chance e em 5 de abril de 2008, me vejo, aos 52 anos, com uma pulseirinha azul escrito em caixa alta OZZY OSBOURNE, CADEIRA COBERTA, e no Allianz, ainda por cima!
Show magnético!
Para começar, meu desejo de estar na arena “face to face”, passou, quando o Ozzy resolveu que estava calor, e jogou vários baldes de água na plateia cujos jovens felizes, agradeceram.
Além da presença iluminada do Ozzy, aprendi coisas surpreendentes, em minha estréia.
Acostumado aos shows, ele me chamou a atenção para o número pouquíssimo importante de policiais, e me disse que sempre que falava isso para eles, as respostas eram: “esse tipo de show não dá problema”, “é um pessoal de paz”, “eles se tratam bem, não tem brigas, nada disso”, “é um povo que não quer saber de nada além de ouvir e cantar junto com os músicos”, “e quanto à drogas, se usam cada qual na sua, muito discretos, a gente não percebe”.
Descubro assim para minha alegria que ao gostar tanto dessa manifestação artística, eu era de paz, não de encrenca ou inadequada, e sepultei para sempre meu quase segredo dessa afeição, alardeada de preconceitos de todo o tipo.
Na segunda feira após o show, pisei leve nos corredores da facul, feliz por compor minha identidade.
Agora fazia sentido cantar “ I`m free! I`m free! And freedom tastes of reality” (Opera rock Thommy, The Who).
Acabou que levei um toca CD`s pra minha sala, e, isso me ajudou a trabalhar melhor. Soube depois, que ganhei dos alunos(as) o apelido de “Rita Lee” (quem me dera!)
No segundo show, conheci a banda Scorpions, no Credicard Hall. O colega que sabia absolutamente tudo de rock`and roll, me contou toda a história daqueles garotos de Hanôver.
Foi especial saber que o vocalista Klaus Meine, 1.63m, gigante no palco com direito a acrobacias circenses, naquele dia completava 60 anos.
Inacreditáveis: apresentação, energia, carisma.
O terceiro foi em Interlagos. Iron Maiden! Foi divertido, não conhecia nenhuma música, mas a apresentação foi linda. Tinha chovido. Muita lama. Imaginei Woodstock ,lógico!. Tábuas estrategicamente colocadas permitiam a circulação. Pneus empilhados e contidos por telas de arame formavam um platô, que definia uma rotatória, de forma circular que conduzia à saída. Escuridão, meus amigos conversando animadamente se afastaram, e eu já meio aflita devo ter gritado seus nomes. Nesse impasse, do que fazer, vira-se para mim um rapaz muito forte, e alto, e diz, “calma, quer que eu te coloque aqui, você vai....”, e saio em voo como uma pluma, e ele completa “vai achá-los”...e eu que fui suspensa como um anjo pela cintura do meu jeans, olho tudo lá de cima, e avisto meus amigos, e assim, super visível, grito: “See me” (Smash the mirror – The Who). E pessoas que me ouviram chamaram colegas, e eles me ajudaram na descida. Foi também hilário.
(Roqueiro desconhecido e tão gentil e generoso: obrigada!)
Obrigada Professor Roberto por ter me convidado a fazer parte de sua tour- trupe de rock`and roll. Gratíssima ad eternum. Obrigada pela companhia Professor Edson.
O mundo do rock`and roll é vasto, histórico, ora romântico e doce mel, ora é agressivo e grita, ora chora e faz chorar, ora é ópera, ora é melódico quase sagrado, mas há uma similitude que enaltece todas as músicas: um som de guitarra que entra pela pele, percorre as veias, bate dentro do coração, e como um temperilho, se quer mais e mais. Tenho certeza que é essa a droga da maior parte dos roqueiros. Há também, a bateria precisa, e há uma coisa que acho magnífico: as “backing vocals”, sempre deixando a música ainda mais vibrante e surpreendente.
Meu próximo show? As jovens de minha família providenciarão. Não vejo a ora. Afinal, já se passaram 14 anos.