JOÃO PEREIRA DA SILVA

Senhor João!!

Ando tão perto... e tão longe de meus irmãos de alma, que só ontem soube de seu recente falecimento! é o pranto que chega com atraso, mesmo tendo ele pedido ternos sorrisos na despedida... sinto muito! não sou capaz!

Conheci-o quando ainda era pouco mais que menina na UBT BH. Um trovador de primeira!!! Ele foi uma das pessoas que recebeu a caipirinha vinda da UBT BJGalho de braços abertos!

Com o tempo (doces tempos) transformou-se em um bom amigo.

Quando perdi meu pai, ele cresceu em minha vida, mesmo muito ocupado, sempre arrumava um tempinho para dedicar-se a mim... aí foi o pai, depois de meu pai! - algumas pessoas maldosas viravam os olhos quando nos viam juntos, afinal era uma jovem e um senhor! O que eles não sabiam é que a relação ali era tão pura, tão pura... - Ele chegou a apresentar-me o filho Joãozinho e mais tarde confidenciou-me que tinha esperanças de um se interessar pelo outro, assim me tornaria filha dele por afinidade! Eu já me sentia assim!!! era a ele que confidenciava meus medos e receios, meus sorrisos e meus ais.

Depois... a vida separou-nos por muitos anos. Em 2004 reencontrei-o: o mesmo sorriso, o mesmo carinho... foi um reencontro lindo!

Mais uma vez, eu não podia ficar: tinha de voltar para meu mundo que corria paralelo, mas não me esqueço da despedida emocionada.

JOÃO PEREIRA DA SILVA foi um presente que a vida me deu!

Agora publico aqui algumas trovas de autoria dele que a silvia enviou-me ontem e digo "ÁTÉ BREVE" para meu irmão de alma!

Trova de JPS:

Atrás da felicidade

corri o mundo sem fim,

até que achei a verdade:

trazia-a dentro de mim!

Trova de JPS:

Trovas do mar são salgadas

se os lábios do trovador

beijam sereias cantadas

em rimas tristes, de amor.

Trova de JPS:

Do Brasil a Portugal

vai um saltinho somente.

Eles moram, afinal,

bem dentro d´alma da gente.

Trova de JPS:

Procurei em todo mundo

e não achei nada igual

à raça, ao gênio fecundo

dos Homens de Portugal.

Trova de JPS:

Ninguém tem uma mulher

assim bela feito a minha.

Ao invés de uma qualquer

Deus deu-me a melhor que tinha.

Trova de JPS:

No Dia dos namorados,

eu vou pedir ao Senhor:

-Não o perdão para os pecados,

mas mil pecados de amor.

Trova de JPS:

Tive culpa, não o nego.

naquele primeiro abraço,

que transformei em nó cego

o que era apenas um laço.

Trova de JPS:

Do Promontório de Sagres

os grandes nautas saíram,

fazendo tantos milagres

quantos mundos descobriram.

Trova de JPS:

Minha Língua, a Portuguesa,

se acaso não existisse,

jamais Camões, com certeza,

diria tudo o que disse.

Trova de JPS:

Quando o sol empresta à lua

o brilho da sua luz,

então, sinto a minha rua

bem mais perto de Jesus.

Trova de JPS:

Ao ouvir o murmurar

das ondas do mar sem fim,

penso que estão a chorar...

Sinto que chamam por mim.

Trova de JPS:

Não consigo olhar um cravo

dos que pregaram Jesus

sem que me lembre do escravo

que teve a vida por cruz.

Trova de JPS:

Quem nos dera um mundo unido

numa corrente sem fim,

em que o Homem redimido

com Deus se encontrasse, enfim.

Trova de JPS:

Entre o outono e a primavera

há a distância da vida,

desde a flor viva, que impera,

à folha morta caída.

Trova de JPS:

Há nuvens no céu paradas,

ondas revoltas no mar.

Na terra há bocas caladas

com vontade de gritar.

Trova de JPS:

Se passo no cemitério,

sempre rezo por meus pais.

Que eles, lá no assento etéreo,

ainda escutem meus ais!

Trova de JPS:

Pode ser enorme a praça,

como tantas eu já vi,

mas nenhuma tem a graça

da pracinha onde nasci.

Trova de JPS:

João Pereira, sem tristeza

partiu da terra a louvar...

foi, em Língua Portuguesa

no infindo cosmos trovar.

Trova de JPS:

Quero ouvir o som do sino

que me acordou ao nascer,

quando, ao fim do meu destino,

eu estiver a morrer.

Trova de JPS:

Tão linda estrela candente

quando risca o firmamento!

Mas lembra a vida da gente

que se apaga num momento.

Trova de JPS:

Sai de mim escuridão!

ao chegar a minha hora,

quero aberto o meu caixão

para nele entrar a aurora.

Trova de JPS:

Na hora da minha morte

não quero as ondas do mar,

nem quero o vento do Norte:

-Quero ver o sol brilhar.

Trova de JPS:

No sorriso da criança

a brincar, em liberdade,

vem de Deus toda a esperança

de salvar a Humanidade.

Trova de JPS:

Sou o Céu, a Terra e o Mar,

sou as montanhas, a serra,

tudo porque sei amar

quanto a Natureza encerra.

Trova de JPS:

Como a corrente das águas

que correm sempre a cantar

João não carregava mágoas

e o perdão sabia dar.

Trova de JPS:

Foi no garimpo da VIDA

que encontrei esta verdade:

-Só uma AMIZADE sentida

vai até à eternidade.

Trova de JPS:

Desenganos e traições,

tanta esperança perdida

são peso desses grilhões,

que arrastamos nesta vida.

Trova de JPS:

Se chorar me foi preciso

quando menino, ao nascer,

eu quero um doce sorriso,

quando, velhinho ao morrer.

sinto muito meu doce amigo... mas agora não posso sorrir!

quem sabe daqui a algum tempo? Que Deus seja tua luz do outro lado da vida.

Kyriadalua

KYRIADALUA
Enviado por KYRIADALUA em 17/11/2007
Código do texto: T740695
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