Onde Moram Nossos Pais?
Moram nas nossas memórias da infância.
Moram no perdão que não liberamos.
Moram nas conversas inexistentes, nas explicações não dadas.
Moram na nossa inocência de criança, incapaz de compreender as mazelas, vícios e complexidades de um mundo adulto.
Moram na lembrança do cheiro de cigarro; do chapéu de palha levemente destrançado , no copo americano largado no balcão da vendinha à beira de estrada.
Moram naquelas histórias que eles contaram, e só nós lembramos; moram, quando nos reconhecemos nos exemplos deles, na loucura, na santidade, na arte, na abnegação:
Para que nunca nos faltasse um sorriso.
Para que nunca nos faltasse o pão.
Para que diante de nossos filhos, sigamos os seus exemplos, oferecendo por eles
o outro lado da face, o sangue, o sono e o vigor dos nossos ossos.
PS: Pai, Sr Vicente Luiz, você reside na minha infância. Obrigada pelo diálogo que tivemos, quando eu tinha uns oito anos, sobre a pessoa de Cristo. Até hoje, por causa dele, eu sou a favor dos "Mais Simples".