A Queda do Gigante (Elegia)
A Queda do Gigante (Elegia)
Delasnieve Daspet
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Estava linda. Frágil e linda!
Cheia de flores amarelas.
Alta. Imponente.
Acompanhei seu crescimento. Desde pequenina.
Tornou-se um ícone. Ficava bem defronte à minha casa.
Quando sol – se espreguiçava – escondida no horizonte.
Eu a via, garbosa, nas madrugadas – à luz do luar.
Quanta chuva, quanto vento suportou.
Frio imenso. Calor. Seca. Nada importava, lá estava.
Foi uma semente plantada. Uma lagarta que se abriu ao mundo
E aos olhos do homem.
Já estava um pouco deprimida, ontem, ela cedeu.
Cedeu ao céu acinzentado. Aos trovões, aos raios, a chuva forte,
Ao vento de 100 km por hora – quem suportaria?!
Ela que recebia os pardais, araras, tucanos, joão-de-barro, periquitos,
E, outros tantos que se abrigavam à sua sombra e frescor.
Fiquei triste. Lagrimas engolidas em silêncio.
Não se pode ser feliz sem a comunhão dos elementos.
A terra geme. O vento açoita. Os passarinhos já não cantam.
A chuva já não banha
No chão, partida ao meio, jaz o Gigante.
Morreu!
16.10.21