Breves palavras sobre "Um velho velhaco e seu neto bundão"
No último Dia das Crianças, vi numa publicação do Skoob, no Facebook, a seguinte pergunta: Qual foi o livro favorito da sua infância? No mesmo instante me saltou da memória "Um velho velhaco e seu neto bundão", de Lourenço Cazarré. Este notável título fazia parte da pequena biblioteca de uma tia professora de português, e eu acabei ganhando-o de presente de tantas vezes que pedi emprestado. Com ilustrações de Semiramis Paterno, a edição em questão, da Atual Editora, já me atraía pela capa cartunesca (o desenho dos dois protagonistas), mas a história também me conquistou pelo seu humor peculiar, cheia de situações cômicas, irônicas e debochadas.
A narração é feita pelo jovem Candinho (o neto que ganhou tão bela alcunha) contando suas desventuras, que são divididas em duas partes de nomes bem sugestivos: "Recebendo golpes" e "Dando golpes". Por causa de uma mentirinha sem pensar, ele acaba mudando de cidade e indo morar com um avô até então desconhecido. Lá, descobre que o homem é um grandissíssimo trambiqueiro, mas que, sem querer bancar o justiceiro, se justifica dizendo que só engana quem for muito ganancioso, malicioso, ou só muito besta de acreditar em seus truques, um mais tosco que o outro. "Ladrão que rouba ladrão", inclusive, é título de um dos capítulos. O garoto então, sem escolha, precisa participar do próximo golpe do avô, e embarca numa viagem cheia de figuraças nada confiáveis, planos mirabolantes, improvisos e cartas na manga, temperada com muitos ditados populares.
Se tem uma coisa que me encanta é a capacidade de fazer rir com a palavra escrita, e por essas e outras esse livro ficou em destaque na minha memória – e na estante, e eu o guardo com muito carinho, agora, fazendo parte do meu grupo de "Livros preferidos da vida".