SERÁ QUE MEU PAI ERA INTOLERANTE, HOMOFÓBICO OU POLITICAMENTE INCORRETO

O tempo passa o tempo voa, e mais de quarenta anos já se passaram e tudo mudou.

Estou em minha rede relaxando e resolvi assistir alguns vídeos do YOU TUBE. Hoje irei garimpar os programas do “Velho Guerreira” o grande e inimitável “Chacrinha”, que na verdade, para mim, desde o primeiro programa que assisti na televisão, sempre lhe vi como um velho; primeiro o velho da buzina, depois o velho da discoteca e por último o velho do cassino.

Me recordo que em seus programas sempre distribuía uma feira para o auditório, bom para quem conseguia receber, uma melancia, bacalhau, mandioca, banana e outros. As atrações do programa eram cantores e um concurso de calouros, que seria como um Karaokê que valia grana e jamais o candidato saia de mãos vazias, pois se cantasse mal levava um abacaxi.

Naquele tempo eu e meus irmãos éramos adolescentes, e o que menos importava pra gente eram as atrações do programa, o que gostávamos e queríamos ver mesmo, eram as chacretes, aquelas dançarinas com padrões de beleza diferente das dançarinas de programas de auditório atuais. Tinham uma beleza quase natural, não havia tantas correções ou como se diz nos dias de hoje, “harmonia facial” não possuíam silhueta de mulheres de academia, se duvidar até mesmo silicone não aplicavam em seus bustos. O que relato aqui comparando as duas épocas, é o que antes víamos em revistas masculinas como: playboy, ele e ela e status, que traziam em suas paginas as atrizes e gatas que faziam sucesso na televisão e nas passarelas de moda, podemos dizer as gatas da hora, sempre nuas e em pose sexy, tínhamos certeza de estarmos vendo aquelas mulheres como realmente eram, com suas curvas, caras e bocas, talvez houvesse alguma maquiagem para esconder uma acne ou cicatriz. Hoje o foto shop criou outra mulher na mulher fotografada e ninguém sabe o que realmente é fake ou original.

Há, aquelas chacretes!!... Me recordo até o codinome de algumas; Rita Cadillac, Fernanda Terremoto, Índia Pótira, Perola Negra, Cida Cleópatra, Verinha Furacão.

Fazendo uma regressão, lá estamos eu e seu Valdemar no final dos anos 70 em um sábado à noite sentado em um sofá na sala de casa de cara pra televisão, assistindo a “Buzina do Chacrinha”. Finalzinho do programa, e o velho Abelardo Barbosa anuncia a principal e última atração;

- Vamos receber!! O cantor mas sexy do brasil, o cantor bailarino!!... Sidney Magal!!

Entra no palco um cara alto, magro, com uma roupa colada no corpo, parecendo ter sido vestida a vácuo, um sapato com um salto plataforma de quase 10 centímetros que lhe deixava mais alto ainda, começa a rebolar e cantar, e a plateia que era toda feminina, antes mesmo dele entrar no palco já estavam gritando, outras chorando, se descabelando, num exterismo incontrolável.

Olho para o pai e vejo que ele está meio espantado com aquilo, quando de repente o câmara passa a filmar um tumulto na plateia. Seu Valdemar não entendeu nada e me perguntou o que havia acontecido.

Eu então lhe disse:

Pai a mulher não aguentou a emoção e desmaiou. Mas já está melhorando.

Ele irado com aquilo que lhe disse, diz:

- Meu filho, não me diga que esta mulher desmaiou por causa de um “Fraco do sexo” desse.

Depois que lhe disse que o motivo seria esse, ele falou ainda muito puto:

- Filho, se eu tô do lado de uma mulher dessa, e ela desmaia por causa dum homem desses, eu tiro meu cinturão e lhe dou umas duas lapadas boas, que ela nunca mais vai querer nem saber de tal cantor.

Essa foi a gota d’água, ele se levantou, desligou a televisão, e me disse que era bem melhor ir dormir e economizar energia.

Difícil mesmo é fazer ele acreditar que aquilo fazia parte da performance de SHOWMAN do cantor bailarino.

Elton Portela
Enviado por Elton Portela em 26/09/2021
Reeditado em 16/07/2023
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