SANTO ESTÊVÃO CENTENÁRIA.
ALOCUÇÃO À MINHA TERRA
CLAUDIOSÉ TAVARES
Nesses cem anos de emancipação política dessa querida Cidade, aqui estou para render também o meu culto, e o faço Terra Mater, porque aqui, numa bonita manhã de carnaval, domingo, 16 de fevereiro de 1947, nascia um infante; eu nascia para beijar também as tuas palmeiras!
SANTO ESTÊVÃO, CIDADE QUERIDA, recanto gentil do mundo descoberto por Cabral. Quisera ser mais artista e mais poeta para cantar a beleza de tuas planícies. O teu céu límpido, azul e profundo, canta hinos de paz e alegria. Mas, às vezes se torna brumoso e velado como a pobre alma humana...
Nada é mais bonito do que o nascer da lua cheia por entre as palmeiras daquela Praça (Praça da Lua) ou visto das regiões do Monte!!! Nenhum artista poderia pintar com matizes tão insólitos esses festivais de cores, de um pôr de sol no crepúsculo de tuas tardes tépidas de estio. Não tenho culpa amigos meus, se os meus olhos podem vislumbrar nos horizontes, esses debruns jamais desenhados!
... Nas tardes de verão, eu gosto de cantar a beleza de teus flamboians e de teus oitis. Oh! minhas árvores da Praça Sete!!! Quantas vezes eu as vi chorando; aqueles facões e tesouras desalmadas, contra ti praticam um crime sem nome. Mas, tão forte como a vida, apenas perdidas as folhas, os brotos já repontam, túrgidos, como mamilos de púberes precoces, desejosas de amor. – Tenha piedade dessas árvores, oh! Bárbara tesoura dos podadores!...
Minha Cidade Querida. São meus os teus vales férteis. É meu o rio Paraguassu que te banha e te beija, gentil Cidade. De tuas flores silvestres, são enredadas as casas de teus sofridos agricultores. De flores, que ricos jardins invejariam nas grandes metrópolis. De flores, eterno símbolo de minha poesia. De flores das tintas mais vivas e de formas mais bizarras, de inebriante perfume e beleza. Mas, as flores mais belas e mais gentis, são as donzelas de tuas casas, que a todas vencem em beleza na doce primavera da vida... São os récem-nascidos nos teus berços; são as crianças de tuas escolas, que um dia, com certeza verão esplender o futuro, debaixo de teu céu de anil.
Setembro de 2021