Quando a morte senta ao lado

Nunca pensamos que nossa vida é um processo com final inadiável. Diante de um cenário de crise sanitária global, em que altas taxas de mortandade têm se apresentado diariamente segundo estatísticas divulgadas pelos veículos de imprensa, parece ser coisa corriqueira, sobretudo em nosso país. Mais de mil pessoas têm morrido diariamente pela Covid-19 ou por complicações da mesma, sobretudo os que têm doenças crônicas pré existentes. Mesmo com a constante insistência das campanhas de prevenção da saúde, mais de um ano depois do início da presente crise, ainda é possível encontrar gente que nega ou que pensa que a cura já chegou. Em que medida as atitudes dessas pessoas servem como propagação para uma nova onda, uma vez que já foram confirmados casos de uma variante amazônica? De que maneira as pessoas vacinadas podem contribuir para a importância de se manter os cuidados já bastante conhecidos?

Fortes indícios de que a crise ainda continua são bastante evidentes e não há garantias científicas de que uma vacina seja eficaz na íntegra contra o coronavirus.

Portanto, mesmo com o esgotamento geral da população em relação à essa situação, não há outra maneira de nos cuidarmos se não seguindo as orientações médicas já conhecidas.

Quando se perde pessoas próximas em qualquer situação, já é razão suficiente para se pensar sobre o sentido da vida e o que será feito do futuro. Continuar é preciso, porém um caminho ainda mais árduo mediante as instabilidades emocionais e físicas. Quando a morte senta ao lado, não é possível manter-se indiferente. Não há continuidade que imita o vazio deixado pela perda. Não há remédio, nem tratamento que retome a vida normalmente.

A morte, às vezes, dá indícios, é de nossa percepção aguçada e preparada a tarefa de nos proteger. Àquilo que se faz inevitável, cabe o esforço de adiar o máximo possível. Mesmo não sendo o fim, a morte interrompe planos, projetos, convívio e sociabilidades, deixando um vazio e saudades que, mesmo diminuídas, jamais sumirão.

Marcel Franco Lopes

21/02/2021