O SONHO DE UM PAI
No jardim encantado da vida, corações se encontram, caminhos se cruzam, sonhos se realizam.
Lá tudo é segredo, é recado que chega trazido pelo vento na dança dos silfos. É murmúrio de vozes no movimento dos galhos das árvores do caminho.
São juras de amor sussurradas de maneira suave sob o encanto das fadas que circulam livremente no lugar onde são rainhas.
Passos lentos, às vezes vacilantes, cabeça embranquecida pela neve do tempo, um homem caminha pelas alamedas floridas.
Toda uma história de vida está nele contida, cheia de vitórias e tropeços, mas com muito esforço vencida.
Do túnel do tempo, episódios perdidos em um passado distante retornam à sua mente trazendo lições de vida.
Ele se lembra da sua juventude, do seu casamento, da esposa, dos filhos, enfim da família que ele tanto ama.
Como é bom lembrar a infância dos seus três filhos; uma menina e dois meninos.
Mas o tempo passa, os filhos crescem e os caminhos se dividem.
O seu pensamento concentra-se no seu segundo filho, aquele que se perdeu nos caminhos da vida.
Coração apertado, uma tristeza profunda e a clássica pergunta aflora na sua mente: “Qual foi o erro que eu cometi?”
Sente-se fracassado na sua missão de pai, sente que falhou, mas não sabe como.
Com dificuldade, senta-se na relva macia e apóia-se no tronco de uma árvore, em uma troca de energia que renova e tranqüiliza.
Visualiza o seu filho perdido e cerrando os
olhos adormece.
Sente-se transportado para um lugar de rara beleza e avista a uma pequena distância uma criança, que por incrível coincidência, era o seu filho perdido.
Essa criança mantinha um diálogo com um ser brilhante, luminoso, um foco de luz.
Dizia ela: - Senhor, eu não posso nascer, eu sou muito pequenino, não sei fazer nada sozinho, como vou sobreviver na Terra?
-Meu filho, você terá a sua mãe. Ela o alimentará, velará teu sono, apoiará teus passos. Não precisa temer.
-Mas Senhor, a sobrevivência na terra é difícil. Se ela se ocupar comigo, quem cuidará para que tenhamos um teto, alimento, quem proverá?
-Para isso meu filho, nós escolhemos um anjo e ele cuidará de você e da sua mãe.
-Senhor, como vou saber quem é o meu anjo?
-Você saberá por que ele estará sempre presente.
-E como se chama o meu anjo?
-Você o chamará de “PAI”.
Obrigado Senhor, agora estou feliz porque sei que vou nascer e terei meu anjo.
Envolvido pela beleza desse sonho o homem desperta, sente os olhos molhados de lágrimas.
Ele compreende agora que o jardim encantado da vida está onde nós estamos, onde depositamos nossos sonhos, nossa crença, nossa fé.
Somente nós conhecemos o caminho.
Seus lábios trêmulos murmuram suavemente
“Não vivi em vão”
MDLUZ
Publicado na Antologia Literária “PAI, UM AMIGO, UM HERÓI”
Em 2001
DIA DOS PAIS
07/08/23021
