(A)gosto

Agosto nasceu novamente!

E nasceu com sol.

Um sol frio adentra a minha janela para me acordar nessa manhã igualmente fria.

Um vento latente abraça-me denso e forte.

Então me refaço, e percebo que já são cinquenta e dois anos que salgo e adoço-me.

Leva algum tempo até que eu arrume as minhas memórias.

No silêncio os pensamentos germinam em camadas, e lembranças se reconstroem dentro de mim, esculpindo os instantes vividos num regresso de dias já quase esquecidos.

Eis que tudo se clareia como luz emergindo na penumbra da minha vida e denuncia as marcas em mim deixadas pelo tempo.

E é mais um agosto que brota.

O seu ar gelado se insinua em mim , adoçando a alma num convite a seguir mesmo em horas de cansaço e prantos.

Então me rendo..., me rendo e sigo convicta das verdades que não me desfaço.

Contudo me aconchego à esperança nova que esse novo início me trouxe.

Acredito! Acredito e planto minhas emoções no musgo da minha existência, e confio. Confio que as sementes se fecundarão para além de mim.

Dulcinéia Almeida
Enviado por Dulcinéia Almeida em 01/08/2021
Reeditado em 05/08/2021
Código do texto: T7312075
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