(A)gosto
Agosto nasceu novamente!
E nasceu com sol.
Um sol frio adentra a minha janela para me acordar nessa manhã igualmente fria.
Um vento latente abraça-me denso e forte.
Então me refaço, e percebo que já são cinquenta e dois anos que salgo e adoço-me.
Leva algum tempo até que eu arrume as minhas memórias.
No silêncio os pensamentos germinam em camadas, e lembranças se reconstroem dentro de mim, esculpindo os instantes vividos num regresso de dias já quase esquecidos.
Eis que tudo se clareia como luz emergindo na penumbra da minha vida e denuncia as marcas em mim deixadas pelo tempo.
E é mais um agosto que brota.
O seu ar gelado se insinua em mim , adoçando a alma num convite a seguir mesmo em horas de cansaço e prantos.
Então me rendo..., me rendo e sigo convicta das verdades que não me desfaço.
Contudo me aconchego à esperança nova que esse novo início me trouxe.
Acredito! Acredito e planto minhas emoções no musgo da minha existência, e confio. Confio que as sementes se fecundarão para além de mim.