OITENTA ANOS DO MEU PAI - CABRA DA PESTE

Meu pai, homem cuja história de vida é marcada por superação e luta pela sobrevivência, hoje completa 80 anos. E celebrar 80 anos, com saúde, especialmente nos tempos atuais, é motivo para muita celebração.

Sua existência se constitui de uma longa história de resistência, coragem e muito trabalho. Cearense arretado, fazedor de menino (como diz o outro), passou parte da vida no interior do estado, pelejando para manter os ‘comedorzim’ de rapadura.

Uma criatura que trabalhou desde cedo, levando palha de milho pra alimentar o gado (apesar do medo que revelou sentir de uma vaca braba que havia naquele curral), forçado a situações de medo e exploração em troca de comida. Além de ser guia de uma cega quando criança e ajudar nos serviços de casa, apanhou algodão; trabalhou no Mercado da Carne em São Joaquim e no bar do Antonio Uchoa; tomou conta da bodega do Seu Lindolfo na Imburana; trabalhou com “os Mariano” e com o compadre João Vieira; depois trabalhou no DNOCS; e em 1977 começou a trabalhar como pedreiro, em Fortaleza, com carteira assinada, segundo escreveu. Detalhe: apesar do pouco estudo, ele se aventura na escrita (tenho a quem puxar!). Já escreveu alguns cordéis e também texto em prosa como uma espécie de diário de suas memórias. Além disso é metido a engraçado, adora contar uma piada!

O homem de Carnaubinha (Uruburetama-CE), que namorou (ou pelo menos quis) tantas, entre estas Chica Fuzuê, Mariinha, Nenê de Barro, Zumira do Ipu... tinha que se casar com a Ceiça (minha mãe) pra que eu pudesse existir. E por isso sou muito grata a ambos, a quem devo a minha vida. Do casamento com minha mãe teve 17 filhos, dos quais sobrevivemos nove. Cada filho uma história diferente, de dificuldades, mas também de vitórias.

Rogo a Deus que seja generoso com meu pai e que o abençoe com vida longa e muita saúde.