HOMENAGEM A JOSÉ SARAMAGO
<<Tentei não fazer nada na vida que envergonhasse a criança que fui.>>
José Saramago
José de Sousa Saramago nasceu a 16 de Novembro de 1922 e faleceu a 18 de Junho de 2010 foi um escritor, argumentista, teatrólogo, ensaísta, jornalista, dramaturgo, contista, romancista e poeta português.
Foi galardoado com o Nobel de Literatura de 1998. Também ganhou, em 1995, o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Saramago foi considerado o responsável pelo efetivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa.
O seu livro <<Ensaio sobre a Cegueira>> foi adaptado para o cinema e lançado em 2008, produzido no Japão, Brasil, Uruguai e Canadá, dirigido por Fernando Meirelles (realizador de <<O Fiel Jardineiro>> e <<Cidade de Deus>>). Em 2010 o realizador português António Ferreira adapta um conto retirado do livro <<Objeto Quase>>, conto esse que viria dar nome ao filme <<Embargo>>, uma produção portuguesa em co-produção com o Brasil e a Espanha.
A esmagadora maioria da sua obra encontra-se traduzida em várias línguas.
Ficou conhecido pelo seu ateísmo e iberismo, foi membro do Partido Comunista Português e diretor-adjunto do jornal Diário de Notícias. Juntamente com Luiz Francisco Rebello, Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC).
Casado, em segundas núpcias, com a espanhola Pilar del Río, Saramago viveu na ilha espanhola de Lanzarote, nas Ilhas Canárias, até falecer.
Foi considerado por muitos críticos literários como sendo o maior escritor português de todos os tempos.
Da sua vastíssima obra escolho este poema, pois nunca foi tão atual como nos tempos que correm.
NA ILHA POR VEZES HABITADA
Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra em nós uma
grande serenidade, e dizem-se as palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a vontade
e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o sorriso
de quem se reconhece e viajou à roda do mundo infatigável,
porque mordeu a alma até aos ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.
José Saramago