O Campeonato Brasileiro de 1972
O Campeonato Brasileiro de 1971 foi muito bem disputado e terminou com a conquista, única até o momento, do C. Atlético Mineiro. Comandado pelo técnico Telê Santana e por jogadores do nível de Wanderley Paiva, Oldair (antigo jogador do Palmeiras), Ronaldo (futuro jogador do Palmeiras), o goleiro Mazurkievsky, da Seleção Uruguaia de 1970, Dario (o Dadá Maravilha). Enfim, o Atlético era um timaço que se impunha em qualquer gramado.
Venceu o triangular final contra Botafogo RJ (de Jairzinho, Paulo César Caju, Roberto Miranda) e o São Paulo (de Gérson e Pedro Rocha). Nesse campeonato que não tinha acesso ou descenso, só equipes convidadas, estiveram presentes 20 equipes. A partida final do triangular colocou no Maracanã, frente a frente, o Botafogo e o Atlético MG. Na primeira rodada do triangular, no Mineirão o Atlético vencera o São Paulo por 1x0, num gol de falta. Na segunda partida, no Morumbi, o São Paulo fez 4x1 no Botafogo e, portanto, na última partida, agora no Maracanã, o Botafogo teria de golear o Atlético para descontar o saldo de gols levado do São Paulo. E o Atlético jogava pelo empate. Uma vitória do Botafogo, dependendo do placar, daria o título ao São Paulo. Dario terminou a conversa fazendo 1x0 para os mineiros, legítimos campeões do Brasil.
Para o ano seguinte, 1972, a C.B.D., do eterno João Avelange, em comum acordo com a Caixa Econômica Federal responsável pela loteria esportiva, ampliou o número de convidados para 26, para que a “Loteca” tivesse 13 jogos, todo final de semana.
Para 1972 foram convidadas 6 equipes “novas” no Brasileirão: o Nacional F.C. de Manaus; o Clube do Remo, de Belém do Pará; O ABC FC, de Natal; O C.R.B., de Maceió, Alagoas; o Sergipe de Aracaju; e o Vitória de Salvador, na Bahia. Até então só havia uma equipe baiana, o E.C. Bahia. O Sport Clube do Recife foi substituído pelo Clube Náutico Capibaribe.
O campeonato teve uma fase com 25 partidas para cada equipe. As equipes estavam divididas em 4 grupos, 2 com 7 e 2 com 6 times. Classificaram-se 16 equipes e formaram outras 4 chaves de 4 equipes.
Daí saíram Palmeiras, Corinthians, Botafogo RJ e Internacional de Porto Alegre. Os 4 Jogaram em partida única essas semifinais: Botafogo RJ x Corinthians, no Maracanã. E o Corinthians jogava pelo empate. O Corinthians fez 1x0 (Nélson Lopes aos 8´) mas, Jairzinho aos 70´ e Nei aos 80´ decretaram a virada para 2x1 dos cariocas e a ida para a final e mais do que isso a participação na Taça Libertadores da América de 1973. O arbitro foi o pernambucano Sebastião Rufino, o público de mais de 68 mil pagantes, a data era 20/12/1972. O Botafogo foi à final.
Na outra partida decisiva o Palmeiras jogava pelo empate em São Paulo contra o Inter-RS, no Pacembu, para 47 mil pagantes e arbitragem de Arnaldo Cesar Coelho, em 20/12/1972. O Inter fez 1x0 com Tovar aos 25´do 1º tempo e Nei aos 24´do 2º tempo empatou para o Palmeiras.
A final, em jogo único, foi entre Palmeiras x Botafogo RJ, no Morumbi. O arbitro foi o gaúcho Agomar Martins e o público de 58.287 pagantes. O Palmeiras jogando pelo empate, num sábado 23 de dezembro de 1972.
Resultado final: 0x0 e o Palmeiras foi o campeão Brasileiro de 1972, no ano em que já fora campeão paulista invicto, e campeão do torneio Laudo Natel, precedendo o paulista.
Equipes da final PALMEIRAS: Leão, Eurico, Luís Pereira, Alfredo Mostarda e Zeca; Dudu (Zé Carlos) e Ademir da Guia; Edu (Ronaldo), Leivinha, Madurga e Nei. Técnico: Oswaldo Brandão. BOTAFOGO: Cao, Valtencir, Brito, Osmar Guarnelli e Marinho Chagas; Carlos Roberto e Nei Conceição; Zequinha, Jairzinho, Fischer e Ademir Vicente (Ferreti). Técnico: Sebastião Leônidas.
Campeonato Brasileiro de 1972
Primeira fase: Grupo A: Internacional-RS, Vasco-RJ, São Paulo, América-RJ, Bahia-BA, e Sergipe-SE. Grupo B: Palmeiras, Coritiba, Cruzeiro, Flamengo, Remo, Náutico e ABC; Grupo C: Corinthians, Atlético MG, Botafogo-RJ, Santa Cruz, Nacional e Portuguesa de Desportos. Grupo D: Santos, Grêmio, Ceará, Fluminense-RJ, Vitória-BA, América MG e CRB. Cada grupo está por ordem de classificação.
Segunda fase: Grupo 1: Internacional-RS, Vasco, Flamengo e Cruzeiro; Grupo 2: Palmeiras, São Paulo, Coritiba e América-RJ. Grupo 3: Corinthians, Atlético-MG, Fluminense-RJ e Ceará. Grupo 4: Botafogo-RJ, Grêmio, Santos e Santa Cruz. Cada grupo está por ordem de classificação.
Algumas curiosidades que eu acompanhei desse campeonato. As transmissões pela televisão não eram muito comuns. Porém, as TV Tupi (canal 4 de SP) e TV Bandeirantes (canal 13 de SP) costumavam transmitir as partidas ao vivo desde outros estados.
Lembro-me de uma partida do Corinthians, em Recife, contra o Santa Cruz. Depois de abrir 2x0 o Corinthians tomou 3x2 e no final Sicupira, emprestado pelo Atlético-PR, empatou em 3x3 para o Corinthians que formou com: Ado; Zé Maria, Baldochi, Luís Carlos, Miranda (Pedrinho), Rivellino, Tião, Sicupira, Vaguinho, Mirandinha e Marco Antônio (Dirceu Alves). Técnico: Duque. O Santa Cruz jogou com: Detinho; Louro, Rivaldo, Paulo Ricardo, Botinha (Cabral), Erb, Betinho, Hamílton (Ramón), Fernando Santana, Jair Pereira e Givanildo. Técnico: Evaristo de Macedo. 05/10/72, arbitragem de Armando Marques, 20.531 pagantes no Estádio José do Rego Maciel (Mundão do Arruda), numa quinta-feira. No Santa Cruz um nome que fariam bonito no futebol paulista era Givanildo que em 1976 jogaria no Corinthians. Erb passou pelo Guarani de Campinas. Ramón seria goleador do campeonato brasileiro de 1973 pelo Santa e ainda jogaria pelo Vasco da gama do RJ. Rivaldo não era o mesmo que atuou nas Copas de 1998 e 2002.
No sábado o Corinthians enfrentou o Náutico ainda em Recife e venceu por 1x0, gol contra de Sidclei. Também com transmissão pela TV Bandeirantes. O arbitro foi Agomar Martins e o público foi de 14.069 pagantes. O estádio era o mesmo José do Rego Maciel, do Santa Cruz. NÁUTICO: Lula; Borges, Gílson, Sidclei, Zé Júlio, João Paulo, Cordeiro (Vasconcelos), Elói, Paulinho, Paraguaio e Galdino (Dedeu). Técnico: Francisco Ferreira. CORINTHIANS: Ado; Zé Maria, Beto, Luís Carlos, Miranda, Rivellino, Tião, Sicupira, Vaguinho, Mirandinha (Lance) e Marco Antônio (Paulo Borges). Técnico: Duque. Vasconcelos em 1976 veio para o Palmeiras junto com Jorge Mendonça e foram campeões paulistas de 1976.
Outras curiosidades: O Sergipe tinha como técnico o ex-jogador Dequinha da seleção Brasileira de 1958, e do Flamengo. O C.R.B. tinha outro antigo jogador da seleção como técnico: Danilo Alvim (titular da Copa de 1950).
O Nacional de Manaus foi um capítulo à parte. Era, de fato, uma filial do Atlético MG. O centroavante era Campos, que jogou no próprio Atlético-MG, no Guarani de Campinas e na Seleção Brasileira. Toninho Cerezo começou emprestado pelo Galo ao Nacional, assim como Laci, outro ex-jogador do Atlético-MG, e o técnico era Barbatana, também oriundo do Atlético-MG. Também jogava Reis um ponteiro que havia jogado no Palmeiras, tempos atrás.
O ABC jogou 23 partidas em casa, e duas fora. Tinha um centroavante goleador de nome Alberi.
Outra partida que assisti, pela TV Tupi, foi Vitória 1x2 Corinthians, na Fonte Nova, Salvador, BA Data: 28 de outubro de 1972 (sábado) à noite. Árbitro: Sebastião Rufino, Gols: Zé Eduardo (Vitória); Rivellino, Mirandinha (Corinthians), Renda: Cr$ 154.912,00 (Cruzeiros). VITÓRIA: George; Cláudio Deodato, Leléo, Válter, França, Fernando, Marquinhos, Osni, Gibira, Zé Eduardo (Almiro) e Humberto (Mário Sérgio). Técnico: Paulinho de Almeida. CORINTHIANS: Ado; Zé Maria, Vágner, Luís Carlos e Pedrinho; Rivellino, Tião; Sicupira (Dirceu Alves), Mirandinha, Lance e Marco Antônio (Aladim). Técnico: Duque. Do time do Vitória, Osni e Mario Sérgio viriam a ser os mais conhecidos.
E o mais empolgante dos jogos, para quem era corinthiano, foi o jogo no Pacaembu entre Corinthians x Ceará. Uma partida difícil que daria ao Corinthians, se vencesse, uma importante chance de chegar às finais. O Ceará tinha um goleiro folclórico, Hélio. Ele jogava com o inusitado número 101. Era muito bom goleiro. Nessa partida ele fechou o gol. Entretanto o atacante Sicupira fez o gol da vitória do Corinthians aos 45 do segundo tempo. Uma bola levantada da altura do meio de campo chegou à cabeça do jogador Odélio que rebateu para a frente e encontrou Rivellino que com outra cabeçada serviu o 9 Sicupira, entrando na área, que mesmo marcado e meio caído, chutou a bola que bateu na trave, e o goleiro Hélio, sem poder ter outra ação se chocou com a bola que voltava da trave e terminou entrando no gol. Terminava a partida 1x0 para o Corinthians e a mão na vaga dependendo de um bom resultado no domingo seguinte, no Morumbi, contra o Fluminense (o empate em 0x0 contra o Fluminense deu a vaga às semifinais para o time paulista). Essa partida aconteceu no estádio Paulo machado de Carvalho (Pacaembu) no dia 14/12/1972. Arbitragem de Agomar Martins (RS), público de 68.961 pagantes para uma renda de Cr$ 505.968,00. Gol de Sicupira aos 45´ do segundo tempo. O Corinthians formou com: Ado; Zé Maria, Baldochi, Luís Carlos e Pedrinho, Tião e Rivellino, Paulo Borges (Vaguinho), Sicupira, Nélson Lopes (Mirandinha) e Marco Antônio. Técnico: Davi Ferreira (o Duque). O Ceará: Hélio; Paulo Tavares, Odélio, Mauro Calixto, Dimas, Edmar, Joãozinho, Nado (Erandi), Samuel, Jorge Costa e Da Costa.
Técnico: Ivonísio Mosca. Essa partida vi em videoteipe na TV Cultura de São Paulo, o Canal 2.
Completando esses pequenos relatos do campeonato Brasileiro de 1972, a Taça Libertadores da América de 1973 teve Botafogo e Palmeiras na mesma chave como de costume, junto com outro país neste caso os clubes do Uruguai, o Nacional e o Penarol. Os dois times brasileiros levaram a chave de braçada. Terminando juntos palmeiras e Botafogo com 9 pontos em 1º lugar, com 4 vitórias e um empate e 1 derrota. Nacional com 4 e Penarol com 2 foram eliminados. No Maracanã ocorreu o jogo desempate e o Botafogo venceu por 2x1, em 29/03/1973. Luis Pereira fez contra no início da partida, Ademir da Guia empatou no 2º tempo e no final Jairzinho fez o 2x1. O Botafogo foi à etapa semifibal onde formou numa chave com o Colo-Colo do Chile e com o Cerro Porteno do Paraguai. O Botafogo perdeu do Colo-Colo no Maracanã, 1x2, perdeu no Paraguai por 3x2 do Cerro Porteno. Empatou em Santiago, por 3x3, com o Colo-Colo, e venceu o Cerro Porteno por 2x0 no Maracanã. Mas não adiantou e ficou em 3º lugar. A final seria entre Colo-Colo e Independiente de Buenos Aires, que seria o campeão da Taça libertadores de 1973.
Este texto é mais uma homenagem ao meu Pai Laércio Rossi. Torcedor da Veterana de Campinas, a A. A. Ponte Preta e da S. E. Palmeiras.