OITENTA ANOS
OITENTA ANOS
Este ano 2 da pandemia, marca o aniversário de oitenta anos do Rei Roberto Carlos. Nasceu em 19 de abril de 1941, na cidade de Cachoeiro de Itapemirim(ES), onde viveu a sua infância. Depois se transferiu para o Rio de Janeiro, onde iniciou sua carreira artística.
Há pessoas que não gostam do cantor e criticam suas letras por serem simples demais. Eu discordo, porque se fazer o simples fosse fácil, qualquer um faria. Eu fico com a maioria. Perdoem-me os puristas, mas difícil mesmo é atingir a alma do povo brasileiro, fazê-lo cantar junto com ele, transformar suas letras e músicas em momentos inesquecíveis de tanta gente.
Há um episódio na vida de Roberto, que mostra a sua sensibilidade e inteligência. Caetano Veloso e Gilberto Gil, criadores da Tropicália, movimento de resistência aos costumes da época, apresentavam-se com roupas extravagantes e cabelos compridos. Vivíamos os anos 60, de forte repressão da ditadura militar. Caetano foi denunciado por um radialista e acusado de ter desrespeitado o hino Nacional em uma de suas apresentações. Tal acusação leviana lhe valeu dois meses prisão, até que conseguisse provar a sua inocência. Não se livrou entretanto do exílio com Gil em Londres. Na capital britânica, recebeu a visita de Roberto, que simbolizava um pedaço do Brasil naquela terra que lhe era estranha.
De volta ao Brasil e condoído com a situação do amigo, em parceria com Erasmo, Roberto Carlos dedicou-lhe a canção “debaixo dos caracóis dos seus cabelos”, onde contava a tristeza de Caetano no exílio e prenunciava a alegria da sua volta ao Brasil. Para a censura estúpida e retrógrada da época, foi considerada uma simples canção de amor. Na verdade, compôs com palavras simples, um hino de amor à liberdade e à democracia, que só viriam muitos anos depois.
Parabéns Roberto, parabéns Pelé, parabéns Erasmo e parabéns para mim também, que sou do mesmo ano. Estou muito bem acompanhado, convenhamos.