Capoeira: Mestre Ìndio do Maranhão e o IPHAN! (2015)

Quando soube que o IPHAN/Pará ia movimentar a Capoeira fiquei feliz, pois tínhamos no acervo mais de 20 vídeos sobre a Capoeira no Estado em VHS e sonhávamos com um laboratório no IPHAN para transcrevê-la para CD. Além disso um setor de gravações de músicas e registro de depoimentos daqueles que não tinham/têm recursos para fazê-lo! Quem souber o que o IPHAN fêz/está fazendo, pode opinar, pois no caso de Mestre Índio do Maranhão até 2015 a "coisa não andou"!

Carioca

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Mestre Índio do Maranhão e o IPHAN! (2015)

Atualmente a Associação Cultural de Capoeira São Jorge realiza trabalhos nas cidades do Rio de Janeiro – RJ, São Bento - MA, São Vicente – MA, Palmeirandia - MA e na capital maranhense onde fica a nossa sede.

A 8 anos eu venho realizando um evento que eu chamo de encontro, este ano estaremos fazendo nosso 8ª Encontro Nacional de Capoeira no Maranhão, e a realização disso é um trabalho muito grande, eu levo mestres do Rio de janeiro, de São Paulo, de Brasília pra lá aos trancos e barrancos sem um puto de governo nenhum pra ajudar. A capoeira é essa luta o tempo todo.

Sabemos que todos os Iphans do Brasil possuem uma verba para investir na cultura, mas quando você chega lá com seu ofício, com sua solicitação, é exigido um monte de documentos que você não tem, te pedem nada costa de INSS, nada consta do Ministério do Trabalho, nada consta da Polícia, nada consta disso e daquilo. É tanta burocracia, e você precisando daquilo para ontem. E você acaba desistindo, e esse dinheiro acaba não sendo usado e volta para os cofres públicos. Em 2012, voltou 300 milhões para o caixa da receita federal do Iphan, porque esse dinheiro não foi usado.

Eu tenho um trabalho na periferia, na zona rural, onde temos 60 crianças, e não temos ajuda do governo, seja federal, estadual, municipal, é bancado pelo organizador, que é o Sargento Edson, ele e a esposa, eles são policiais, e são eles que dão o lanche para essas crianças 3 vezes por semana. Eu dou aula nas terças e quintas, e no sábado é o Bombeiro Mirim, isso para ocupar aquela criançada lá, o que deveria ser um trabalho do governo. Sabemos que dinheiro tem, mas nego fica fazendo aquelas enroladas e dinheiro não aparece, mas a gente tá lá, aconselhando, educando e disciplinando essa criançada, ocupando o tempo deles para eles não ficarem lá a toa fazendo bobagens.

Para esse evento, sortíamos 10 cordas e 10 camisas para essas crianças que não tem nada, com o dinheiro que conseguimos com as cordas e camisas nos outros núcleos, utilizamos para montar a estrutura do evento e para trazer outros mestres e convidados de fora, pagando passagem de avião, translado, estadia e alimentação. Eu já tive a oportunidade de trazer para evento meu o Mestre Toni Vargas, Mestre Bocka, Mestre Ramos, Mestre Onça, Mestre Deputado sem precisar da ajude de nenhum infeliz. Mas quando é época de eleição, aparece um monte de infeliz oferecendo ajuda, pois sabe que temos uma presença dentro das comunidades com a galera, mas fora disso quando precisamos, se a gente chega lá atrás deles, e eles nunca podem.

Fonte:

Publicado em 19/11/2015, enviado por: jeffestanislau

http://www.rodadecapoeira.com.br/artigo/Entrevista-com-Mestre-Indio-Maranhao/0