Homenagem de Larissa Uchoa a 12/02/2021: meu aniversário!!
Painho,
Utilizarei alguns versos de uma canção para hoje felicitar, acredito que não há forma melhor de entender as entrelinhas das canções que me levam até o senhor... mesmo que eu esteja distante.
“Meu pai, o tempo agora é ouro o trem pegou o trilho. Eu tenho grande orgulho de ser o seu filho e ‘adorarei’ ver meus filhos lhe chamarem de avô...”.
Ano passado, sentados à mesa, falávamos sobre a política municipal. Eu, com todo o orgulho que sai dos meus lábios, virava e dizia: Painho, o filho de “Sicrano” nunca poderá relatar tudo aquilo que nós, enquanto filhos, crescemos olhando.
Nunca poderão dizer que viram o seu pai chegar em casa tarde da noite, com lama no joelho, atrás dos corpos dos meninos emasculados. Eu lembro! Tinha 07 anos e lembro perfeitamente!
Nunca poderão dizer que 00h estavam dentro de uma viatura descaracterizada ouvindo o senhor conversar com as travestis da Guajajaras atrás do serial killer que estava as matando.
Nunca poderão dizer que viram seus pais saindo de casa pontualmente às 07h, para pegar a Delegacia às 8h, pois “tem gente que precisa me esperando, e eles que pagam o meu salário. Às vezes só querem colocar para fora e alguém para ouvir. Ou uma medida enérgica da polícia, pois o judiciário é distante.” - e assim ia no seu carrinho, com a pasta preta já surrada das idas e vindas, suas canetas contadas, marca-texto fluorescente de sublinhar inquérito policial e trident canela no bolso da frente.
Nunca poderão dizer que testemunharam seus pais com Inquéritos em cima da cama do quarto, tudo aberto, instrumento do crime no saquinho, depoimentos analisados minuciosamente... 23h, 00h, 01h... e assim ia.
Nunca poderão dizer que não havia tempo ruim para o seu pai. Era sábado,’domingo e feriado... cruzando todos (eu, Mainha, meu irmão) as portas de Secretaria de Segurança Pública do Estado do Maranhão localizada no Cruzeiro do Anil. Era uma questão de compromisso. Ficávamos sentadinhos nas mesas, enquanto observava o senhor sem seu gabinete dizendo: “só mais 10 minutinhos”.
Nunca poderão dizer que aprenderam o Hino da Polícia Civil, ajudaram a colar as letras e colocar os CDs gravados a dedo para entregar aos alunos da ACADEPOL. Os alunos, hoje delegados pelos seus 11 anos de carreira, não imaginam que ali tinha o nosso dedinho de infância e o seu imenso cuidado. Rs
Nunca poderão chegar nos locais e desmentir factoides, pois tínhamos a propriedade para falar de tantos casos cheios de repercussão que Painho elucidava. Ave Maria, minha boca chega enchia para dizer: não foi bem assim. Meu pai investigou.
Nunca poderão relatar aos 04 ventos sobre as suas noites não dormidas, quando rebeliões ocorriam, pois a sua preocupação era maior que a política. “Minha filha, são vidas!”.
“Eu sei, que do pai do seu pai, herdei um grão de milho. O gene que vai chegar ao filho do meu filho e a gente mesmo ausente vai seguindo a vida...”.
Quando o senhor olha as fotos de vovô Uchoa, vem automaticamente lembranças de um tempo. Histórias, causos, falas sobre as características e um dizer: “Nisso eu puxei a Pai”.
Hoje, na distância, quando alguém se põe a ouvir nossas histórias, jogo seu nome no Google e coloco as imagens. Vejo inúmeros semblantes, e para cada, um testemunho.
Ao final... digo: “Eu sou painho todinha”. Um sorriso sai, a cabeça abaixa e me ponho a refletir da força do que sai da minha boca.
Sim, painho, força. A “brabeza” que tanto digo, não é a violência. É saber o que se quer, o que se é e de onde veio. É saber que no meu sangue corre o seu gene, o gene que ainda vai se multiplicar por muitos anos... e que benção!
“Atrás desse bigode tem um homem bom, debaixo do chapéu um cabra decente, lá dentro dessa roupa de tom sobre tom, mora o homem que me deu a vida de presente...”
Um dos maiores prazeres que eu tinha, quando pequena, era de lhe apresentar aos meus amigos. Ali todos os estereótipos caíam.
Até hoje somente quem tem a oportunidade de sentar e lhe ouvir, entende o que vou dizer.
Se há uma legião de pessoas que vibram positivamente por sua vida, é pelo silêncio de suas boas ações.
É a grandeza de silenciar sobre os seus feitos cristãos... O profissional obviamente que sempre reflete o seu coração.
Porém... é no silêncio das palavras e na mão estendida a quem quer que seja que para nós o senhor sempre se fará grande!
É o gene que a gente quer levar ao nosso filho e ao filho do nosso filho
É a sua presença mais forte que levo na vida distante do senhor
Ninguém jamais poderá falar com propriedade do senhor, a não ser nós - a sua família.
E enquanto sempre tivermos vida,ela será para falar da honestidade, do amor, da coragem e da dedicação que é/foi cada ano da sua vida!
Hoje o senhor completa 53 anos (ufa! Novinho)! Para mim, após tantas vivências e acontecimentos de nossas vidas, é um dia de imensa alegria!
Painho, fecho os olhos e sempre direi: a sua vida nos enche de segurança!
E eu jamais poderia ser tão grata a Deus por ser sua filha!
Que Deus conceda muita saúde e muita paz!
Não tenho dúvidas de que todo o resto, correremos juntos atrás.
Deus permitiu nosso reencontro, Deus nos uniu e sempre irá consolidar aquilo que Ele prometeu!
Muito obrigada!
Te amo!!!
Larissa 💕