Do rabisco ao pódio
O pai era um amante de corridas automobilísticas e, certa feita, enquanto assistia uma corrida pela TV, o filho dele, ainda gurizinho, aproximou-se e o entregou um desenho que havia feito. Na realidade, não passava de rabiscos em um papel todo amassado.
O pai, sempre atencioso, sentou o filhinho em seu colo e pediu a ele que explicasse o desenho que fizera. O guri - todo motivado - sorriu e disse: Papaiê, este é o meu carrinho de corrida. Quando eu "crexer", vou fazer um para mim, igual ele, e vou ganhar um troféu muito "bunito" pra você, papaiê. E vai ser naquela rua ali da televisão, ó!" [disse isso, apontando o dedinho para a pista que viu na televisão]. O pai, muito emocionado, abraçou fortemente o filho e falou: Sim, filhinho, eu sei que vai.
Anos se passaram e, daquele rabisco até o troféu de Campeão Mundial de Corrida Automobilística, muitas coisas aconteceram, boas e ruins; muitos foram os obstáculos superados; muitas foram as adversidades vencidas; muitas foram as lutas e dores; muitos choros e, também, muitas alegrias foram vividas.
Já de idade adulta e com sua própria família - esposa e filho - aquele menino, embora já não tivesse mais a presença do pai consigo, não deixou de cumprir a promessa que um dia fizera, ainda em tenra idade: ele conquistou mesmo o campeonato na direção do carro que ele mesmo projetou e construiu. Ao final, não se conteve e, em lágrimas, dedicou publicamente a vitória conquistada ao finado papai, que permanecia vivo em seu coração.