Vovó Doquinha, grande dama e costureira de Urucará

Sinto muita saudade da querida Avó Doquinha, mãe de minha mãe Marion Paes e dos irmãos, meus tios: Quitito, Carieiro, João Pedro (estes em memoria) e Tio Homero, mais conhecido como Piranha. Como Irmãs: Tia Nini (em memoria) e Tia Bebé. Vivos estão Tios Homero e Tia Bebé, que continuam na labuta pela vida, agora orientando seus queridos filhos.

Não lembro do Seu Esposo e meu Avô Sérgio, que foi delegado de Polícia em Urucará, era muito pequeno quando faleceu, talvez seja o fato de não lembrar, mas de minha Avó Doquinha sim, morava ali no Bairro de Sao José, em seu quintal tinha Taperebazeiro imenso, próximo a casa da Dona Josefa e Seu Benedito, pais da Ayres, ela era a nossa costureira, fabricava nossas roupas, visto que, na época não tinha roupa pronta. Ajudou muito a minha mãe na nossa criação, afinal não eram poucos, 11 filhos não era fácil, na educação e na orientação.

Criou seus filhos e filhas com a maior dificuldade e honestidade, uma pessoa boa e amiga, seus filhos além de agricultor, aprenderam uma profissão de pedreiro, Tio Quitito e Tia Maria, Homero e Maria, Careiro e Zica, vieram pra Manaus trabalhar, passaram um tempo, depois voltaram a Urucará, só ficando o Tio Quitino, que enveredou no ramo comercial. Tio João Pedro, era o mais novo, foi o que mais convivi, me orientou muito na estrada da vida. Mas todos foram importantes. Tia Nini e Edmundo, também vieram para Manaus, Tia Nini fez faculdade, se tornou uma professora, muito importante na criação de seus filhos.

Da família, também tivemos o Tio Antonio Oran (em memoria), que foi esposo da Tia Bebé, esse grande Mestre de Obras, acredito que meus tios, aprenderam a ser pedreiro com o ele. O Tio Antonio Oran, foi o grande mestre da obra de construção da nossa Matriz Nossa Senhora Santana, um grande profissional.

Lembro de uma façanha do Tio João Pedro, ele com apenas 15 ou 16 anos, arpuou seu primeiro Peixe-boi bem em frente a nossa cidade, de tocaia em uma touceira de capim Canarana que descia de bubuia, foi uma festa. Ele era o meu barbeiro, o corte era na máquina, pelado mesmo.

Todos bem criados e tinham o maior respeito com sua mãe, minha Avó Doquinha. Deles, muito a falar, excelentes tios que me orientaram e me educaram, ao caminho do bem e obediência aos pais e respeito aos mais velhos. Esse era o lema de antigamente, tomar bênção, respeitar os mais velhos, chamando sempre de Seu, Senhor, Senhora, Dona. Me ensinaram a pescar e caçar, a remar de canoa, a caçar e andar na mata.

A vó Doquinha, sempre foi uma Avó presente, dada, camarada e amiga, quando a mamãe tinha que se ausentar de casa, a vó supria essa lacuna, sempre com responsabilidade e amor, sempre cuidando bem de nós.

Agora, somos avós também, estamos fazendo o papel da Vovó Doquinha, tendo mais paciência e amor com os nossos netos. Na verdade, ser avô, é ser pai duas vezes, já chega com uma bagagem de muita experiência e cuidando para não errar duas vezes.

Quando a mãe vai bater, defende as netas com muita propriedade.

Excelente costureira, saudade da Avó Doquinha, que me ensinou muito, olha que não foi só a nós filhos da D. Marion, pois a família era grande e ela tinha muitos netos.

Aprendi a ser Avô com ela.

Amo ser Avô e adoro minhas netas e neto.

A minha Avó Doquinha era uma Santa, quem a conheceu há de se lembrar.

Saudades avó Doquinha, que Deus a tenha ao lado do Pai, nosso Deus e filho Jesus Cristo.

Salve os escritores e poetas

Viva a literatura regional.

Que de melhor não se tem igual

Em 09/12/2020

José Gomes Paes

Escritor e poeta urucaraense

Membro da Abeppa

Acadêmico e fundador da Alcama