Maria Moreira dos Santos (Mariinha do Chico Bode)
Por Nemilson Vieira de Morais (*)
“A primeira mulher a trabalhar nesse ramo de restaurante aqui fui eu”. — Mariinha.
A Mariinha Chegou a Campos Belos (GO), em 1962. Veio de Arraias (TO), onde viveu a sua primeira infância e parte da juventude com uma família rica de lá.
AS SUAS ORIGENS
O seu pai é de Santana do Brejo (BA), o avô (pai da mãe) da cidade de Barreiras (BA), se mudaram para São Domingos (GO), onde Maria Moreira dos Santos nascera, em 1933 (pelo seu registro, consta esse acontecimento ter sido em 1931); filha do Sr. Firmino Moreira dos Santos e D. Clemente da Silva. O casal teve Maria e mais três filhos: Geracina, Sebastião, José (que atendia pela alcunha de Zuza).
UMA MÃO AMIGA
A D. Ruzu de Abreu mãe de Domingos Batista, avó do Dr. Felipe (que fora juiz de direito em Campos Belos), o acolheu na sua casa desde uns 6 anos. Onde viveu, trabalhou com a família estudou até aos 19 anos.
EMPREGO NUM HOTEL/RESTAURANTE
Em Arraias (TO), a Mariinha fora trabalhar com a D. Senhorita (irmã de Gustavo Balduino), próprietaria dum grande e famoso hotel e restaurante na cidade; onde trabalhou com muita dedicação por uns dois anos apenas.
Gostavam muito do seu empenho em qualquer função que lhe confiasse a fazer. Numa justa valorização, eram-lhe feito alguns ajustes salariais: começou com o ordenado de trezentos cruzeiros e ao sair do emprego ganhava mil.
Mas, precisava seguir o seu destino...
SAUDADE DA MÃE
Ao viver distante dos nossos entes queridos por muito tempo, às vezes nos bates aquela saudade que chega doer. Uma situação assim inquietava a jovem
Mariinha, que manifestou o seu desejo ardente de retornar à casa materna… Matar a saudade, conviver com a mãe e o padrasto Raimundo Torres; na fazenda de Domingos Batista no Sumidor, onde trabalhou de vaqueiro por 20 anos. O pai (o seu Firmino) há muito havia abandonado a família e provavelmente voltado para a Bahia.
A DESPEDIA DO SERVIÇO
A Mariinha era como um 'coringa' no seu trabalho: fazia de um tudo, pessoa de muita confiança… Ao viajarem os proprietários deixavam tudo, até os filhos da família sobre à sua égide, direção.
Mesmo ao ser implorada de joelhos e lágrimas, pela patroa, a não sair do serviço, a opção pelos familiares falou mais alto e, Mariinha retornou a Campos Belos à casa da família, que ficava ao lado do seu Apolônio barbeiro, Zezão
do açougue.
UM CASAMENTO BOM, ENQUANTO DUROU
Mariinha casou-se bem jovem ainda com os seus 19 anos em São Domingos, e viveu 10 anos e nove meses com esse 'amor' que achava ser para toda a vida, mas não foi; o homem a trocou por outra. — Do nada sumiu da sua vida…
DONA RUZU, PESSOA MARAVILHOSA!
Ao saber do ocorrido à Mariinha
a D. Ruzu num apoio de mãe a confortou-lhe com os dizeres: “A panela que lhe criou ainda não furou; se desejar pode ficar lá em casa estou de braços abertos há-lhe receber.”
O NEGÓCIO PRÓPRIO
Mariinha após ficar um tempo com os familiares na Fazenda, estabeleceu-se na casa da família na Rua do Comércio.
Com o talento que tinha para a culinária, viu nisso a oportunidade de tocar o seu próprio negócio na cidade. Tornou-se então uma empreendedora do ramo de restaurante (pelo que diz na cabeceira do texto a primeira mulher da cidade nesta atividade).
O SEU GRANDE AMOR
Em 1960 a Capital Federal foi inaugurada e afluíram pessoas de várias partes do rincão brasileiro…
As boas novas chegaram à Mariinha por Carlito (Carlitão) amigo dela, que fizera uma amizade com um homem de Sobral, que passou um tempo em Santarém (Francisco Diogo Aguiar — Chico Bode).
Um dia disse-lhe: “Há dois dias irei à Brasília e vou trazer um amigo meu, trabalhador; como você também é, vão dar certo.” — Assim se deram.
O QUE NÃO SE FAZ POR AMOR?
Ao passar dos anos o Chico Bode achou por bem que a
Mariinha não devia mais continuar nas atividades de restaurante. —De tanto falar, mesmo num pesar, ela toma uma decisão radical: encerra duma vez por todas, esse negócio.
UMA NOVA ATIVIDADE
Já na companhia do Chico compraram do primeiro prefeito da cidade (Chico Xavier) um fundo dum comércio dele, no Paranã, do ramo de secos e molhados, como diziam antigamente, hoje um mercadinho.
O negócio funcionou na casa do Di Moreira, onde o Juarez Amaral tocou a sua mercearia. — Quase em frente ao seu
Natã, na Rua do Comércio número 87. Nesta atividade atuaram uns 6 anos.
UM ACIDENTE DO CHICO
Na década de 1970 o Chico possuía um caminhão três quartos, da (Ford) e, fazia uns fretes com ele. De retorno à cidade duns festejos em Arraias, tomba o veículo numa curva, da estrada cheio de pessoas. Fere muitas delas e há comentários sobre três óbitos, mas pode ter sido mais. Fora preso, gastou muito, ficou bastante consternado…
Viveu até que a morte o separou de Mariinha em 2006 (com o mal de parksom), com 44 anos de casados.
UM FILHO DE PRESENTE
Com a saúde debilitada, a D. Italina Pereira da Silva temerosa em perder a vida pela doença prometeu dar o filho de colo (Carlos Costa Pimenta da Silva, o Carlinho) a Mariinha.
Na viuvez do seu Carlito, em (8:12:1990) sabedor do desejo da esposa, este pede encarecidamente ao casal (Mariinha e Chico Bode) que cuide do menino; assim o fizeram, com muito amor e carinho (com a dedicação de pai e mãe).
FILHO/NETOS
Carlos Costa (Carlinho) constituiu uma família e deu 4 netos abençoados a Mariinha e Chico!
Carlos Junior, Batendo, Hillary, Veidda e alguns bisnetos.
Um neto mais velho de Mariinha, é o seu companheiro presente; a esposa do Carlinho, os demais filhos também ajudam-na.
A Mariinha atualmente passa por problemas sérios de saúde e carrega no corpo um, marca passo para o auxiliar no serviço do coração. Às vezes reclama por falta de ar.
*Nemilson Vieira
Acadêmico Literário (01:02:21)
O texto contém informações da Mariinha e netos.