Joaquim Ferreira Neto (Joaquim Barbeiro)

Por Nemilson Vieira de Morais (*)

São José do Egito (PE), nas proximidades do Rio Pajeú, sertão pernambucano cantado em prosa e verso pelos poetas nordestinos nasce Joaquim Ferreira Neto, em 27 de abril de 1927. Filho de Aprígio Pereira de Lucena e Maria Ferreira do Bonfim.

JOAQUIM BARBEIRO, assim era conhecido e respeitado pela comunidade campos-belense, arraiana e por outras, pela região…

Tive a grata alegria de conhecer e conviver também um pouco com o pai do seu Joaquim e estou a organizar um texto sobre ele aguarde!

EM PAULO AFONSO (BA)

Paulo Afonso Cidade de lindas cachoeiras, fora "habitada por Bandeirantes e Portugueses" às margens do Rio São Francisco (Velho Chico).

Uma família faz muita falta…

Nada satisfaz o homem sem o sublime dos ideais ao seu lado (a mulher).

O Joaquim sabia que, “não é bom que o homem viva só” e cuidou logo de enveredar-se pela trilha do amor, nos moldes dum matrimônio.

UM BOM PARTIDO

O homem era formoso à vista, alto, forte de cor clara, cabelos lisos, uma cabeleira de dar gosto, olhos verdes…

Conheceu muitas moças, mas ao olhar direito à jovem Creuza, seu coração bateu mais forte; saiu fora do compasso…

Num amor maior dos dois, para a tristeza das muitas pretendentes casaram-se, conforme os padrões preestabelecidos pela sociedade. Em Paulo Afonso, terra da esposa (onde nasceu o seu filho Roberto); não foi um conto de fada, mas viveram felizes para sempre!

SANTA RITA DE CÁSSIA (MG)

Joaquim mudou-se com a família para a cidade mineira de Santa Rita de Cássia. Onde trabalhou duro numa usina siderúrgica e por lá nasceu a primeira filha do casal, a Marilene F. Carmo.

FRANCA (SP)

França é conhecida no Brasil inteiro e no mundo como a Terra do Calçado.

Não é sabido se isso influenciou dalguma maneira, a decisão do Joaquim a mudar-se com a família para esse lugar. Talvez seja pelo fato de naquele tempo, a cabeça do nordestino viver grudada em São Paulo.

BRASÍLIA (DF)

Havia poucos anos da inauguração duma das mais modernas capitais do mundo, Brasília.

Houve uma efervecente migração de pessoas de muitas partes do país à nova capital Federal.

Com a transferência do seu irmão, Tiago Pereira da Silva para o DF, Joaquim não resistiu e também fora com a família.

CAMPOS BELOS (GO)

1964, o primeiro ano do Regime Militar no Brasil. O Joaquim deixa a Capital Federal e ruma ao Nordeste de Goiás, vive um pouco em Campos Belos. Por motivo escolar do filho transfere-se à Cidade de Arraias e reside por lá nove anos. Retorna a Campos Belos e efetiva residência.

OS FILHOS

O casal teve cinco filhos:

O primogênito Tiago Roberto Ferreira (Robertão), a Marilene Ferreira do Carmo, a Marta Ferreira do Carmo, a Andrea Soraia Ferreira do Carmo e a Márcia Ferreira do Carmo. Esta última falecera ainda no período que a família viveu na cidade de Arraias (TO), entre (1964 à 1973).

SUPERCARINHOSO

"O meu pai era super carinhoso com os filhos, amava demais a gente. Pelas manhãs abençoava o nosso dia; com um beijo na cabeça, nos cabelos dizia a mim: "como a minha filha é linda, abençoada!"

— Marilene Ferreira Carmo

ENTRETENDIMENTO

Ao conhecer o seu Joaquim Barbeiro em Campos Belos, eu ainda era um garoto duns quinze anos. Uma pessoa bastante gregária se dava bem com todos do lugar; ao sermos vizinhos de porta, mais ainda. Com uma maneira calma de se comunicar, explicava as coisas tão bem que parecia desenhar. Por diversão, pescava e caçava com os amigos mais próximos, como nós da família Vieira.

ATIVIDADES

Além de treinador voluntário do futebol amador da cidade possuía um caminhão Chevrolet 60, bem conservado, fazia uns fretes aqui outro ali e tocava os dias sem tanta correria…

Ensinou o Roberto e o meu irmão mais velho a dirigir no seu “bruto” caixa seca e queixo duro.

O filho virou caminhoneiro e transportou por muitos anos o progresso do Brasil. O meu mano dirige bem até hoje, para todos os lugares que precisa ir.

Depois que o Jesiel aprendeu a lição do volante também transmitiu o seu conhecimento à minha pessoa; num Jeep antigo que tínhamos. Fora um instrutor com menos paciência que o Joaquim, ainda assim consegui aprender. Com dezoito anos tirei a minha Carteira Nacional de habilitação (CNH); com um espaço de tempo fui contratado por uma grande empresa e exerci a profissão de motorista.

Contemporâneo e amigo do meu pai (o seu Natã), Joaquim o convidava sempre que podia aos banhos no Rio Bezerra, ao buscar areias para as obras que se multiplicavam pela cidade.

A SUA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL

Joaquim Barbeiro um homem simples, sem instruções acadêmicas — qualquer fosse ela — mas, já entedia à frente de muitos da época, que, através do exporte é possível dar aos moços um melhor norte às suas vidas. Algo constatado, anos depois, com o surgimento de levas de homens de bem, em todas as áreas, que passaram por sua escola, por seus direcionamentos futebolísticos, orientações aos jovens de como se comportarem na sociedade.

UM PIONEIRO

Joaquim fora um dos pioneiros no seguimento do futebol amador na cidade. Exercera a função de treinador com amor e afinco, sem remuneração financeira por isso, mesmo a morar em Arraias (TO), por um longo período.

Um ex-atleta diz que Joaquim vinha dessa cidade frequentemente, à Campos Belos, para os treinos e, retornava.

O QUE DISSE UM (EX-ATLETA)

“Eu fui muito ligado ao exporte, só que, ao começar a jogar futebol nos times de Campos Belos, ele (Joaquim Barbeiro) treinava uma turma mais velha; com idades de 18, 19, 20 anos. Como o Ninha, Pernambuco, o Zé do Tico, o Roberto… Que, às vezes o escalava nesse time.

OS MAIS NOVOS OBSERVAVAM

Ficávamos (os garotos mais novos) a assistir o futebol com o Joaquim no comando das equipes. — Com ele mesmo na direção dos jogos, quase não joguei, mas observava, muitos treinos. Com o filho (Roberto), era com quem mais gritava, como técnico ou insentivador, à margem do campo: “Vai, meu garoto! É hora do chute, solta a bomba!"

AMOR NO QUE FAZIA

Apesar da idade, socialmente amava muito a juventude! — Estava sempre no meio dela; gostava de comentar sobre o futebol. Punha a mão no ombro da gente e conversava; uma pessoa de muito diálogo.

TREINADOR NÃO RETRANQUEIRO

Muito carismático, não era dado às críticas, queria que observacemos o seu saber; que o time fosse para frente. Era uma pessoa que, eu gostava mesmo e, sempre o acompanhava."

— Francisco Nonato P. Chagas

SEU PASSAMENTO

Um deserto difícil de atravessar, num dia complicado de viver, onde a graça se ocultou...

No 13 de Dezembro de 1995, ao seu seu time de futebol, do coração, o Botafogo sagrar-se campeão, o seu Joaquim Barbeiro adentrou os umbrais eterno, a nos deixar em tristes ais.

Se não fosse a malvada morte ainda estaria connosco até hoje, com os seus 94 anos.

UMA MENÇÃO HONROSA

Pelo Projeto de Lei de número 012/2008, do nobre vereador Uélinton Modesto da Costa, converteu Joaquim Barbeiro num nome duma rua em Campos Belos. Para quem não sabe fica defronte à casa dos meus pais na Vila Baiana; com o seu “início na Av. Barreiras e término na Rua Santana.”

SOBRE A HOMENAGEM

Essa homenagem “foi um carinho tão grande que senti, que guardo a cópia do projeto até hoje.”

— Ponderou Marilene F. Carmo, num áudio.

GRATIDÃO

Quanta honra para Campos Belos ter recebido de braços abertos este homem e família!

Grata e terna alegria para nós, cidadãos do lugar, saber que esse amigo de sempre migrou de tão longe, viveu em tantos lugares desenvolvidos, agradáveis de viver, mas preferiu fincar as suas raízes numa terra boa; com fama de hospitaleira.

Para fezer história na nossa querida cidade!

*Nemilson Vieira de Morais

Gestor Ambiental, Acadêmico Literário.

(18:01:21)

Texto contendo informações de Marilene Ferreira do Carmo e Raimundo Nonato Pereira Chagas.