250 Anos de Beethoven

Faz 250 anos que Beethoven nasceu; o maior músico da história, na minha modesta opinião. Fica claro por que não se fazem mais músicos assim, do mesmo modo que não nasce mais um Michelangelo ou Da Vinci, principalmente porque são épocas diferentes, um mundo diferente.

Naquele tempo as músicas eram compostas para reis e príncipes; claro que deveria existir a música popular da época, mas não temos vestígios dela, o que não quer dizer, em absoluto que a música tenha que ser obrigatoriamente erudita, pelo contrário.

Beethoven não era um sujeito fácil , na verdade era rabugento e desagradável; nunca se casou; a duquesa para a qual pediu a mão o rejeitou, pois compositor não tinha esse status dos dias de hoje. Pour Elise foi composta para uma de suas amantes; já vi filmes em que iam se casar, mas a carruagem dele ficou presa em um lamaçal e ela não o esperou no hotel e foi embora. Em outro, uma jovem é contratada para escrever suas partituras; ele é descrito como um velho rabugento ( tinha pouco mais de 50!), que não tomava banho e jogava um balde sobre a cabeça; a água caía do teto e descia na casa dos vizinhos, que xingavam.

Em um seriado, ele se revela um tirano com sua irmã, obrigando seu sobrinho Karl a morar com ele; o jovem tenta suicídio e depois foge. Tudo isso significa apenas uma coisa: não tem importância nenhuma. Ouvimos sua música e percebemos quando está com raiva, ou quando relaxa no campo e cria uma melodia terna e suave. Ou então quando cria a Nona Sinfonia, grandiosa e eloquente, baseada num poema de Schiller; sua obra-prima, na minha opinião, ainda mais pelas circunstâncias em que foi criada.

Ele já estava praticamente surdo e sentia apenas as vibrações das notas no piano. Nunca deve ter ouvido essa magnífica sinfonia, em que há tons grandiosos, heroicos, grandiloquentes, ainda mais por esse incrível coro que coroa essa sinfonia e nos coloca num patamar dos mais elevados que o sentimento e sensibilidade humanos podem proporcionar. Ouvimos isso e dizemos: " a vida vale a pena por ouvir obras como essas".

E não é "uma história de superação", como se fala hoje; os tratamentos eram precários na época; sua vida foi trágica até o final; usavam chumbo no tratamento, o que é comprovadamente tóxico; imaginem-se os sofrimentos por que passou. Hoje em dia nunca haveria outro Beethoven; seu pai rigoroso, que queria que fosse um prodígio, como Mozart, seria provavelmente condenado por maus-tratos, e com razão; ele se trataria com um psiquiatra, que o encheria de remédios e nunca daria vazão a esse gênio, um vulcão interior que transborda com toda a força quando ouvimos sua música.

Longe de mim querer que se busque o sofrimento, mas hoje os tempos são mais mornos e, embora a tragédia esteja sempre presente, somos persuadidos de que devemos buscar uma "felicidade" ilusória e não buscar o destino trágico da existência e por que não, belo!