JESUS CRISTO E OS SEUS “MILAGREZINHOS”
 
Introito:
O dia fora, por demais, cansativo. O inclemente sol que castigara os caminhantes estava, agora, mais ameno e se encaminhando para as cacundas dos encrespados montes. Os viandantes Jesus Cristo e Pedro param sob uma das raras árvores daquela desértica região. Sedentos, tomam alguns goles da água que traziam nas cabaças/cantis. Jesus fixa o olhar em Pedro e lhe diz:
- Pedro, bem sei que você está cansado, mas temos que prosseguir com o nosso Trabalho de Evangelização. Ele é muito importante, e sabe disso!
-Senhor, a noite já se avizinha. Deixemos para prosseguir amanhã. Dormiremos sob esta árvore e, bem cedinho, partiremos – dissera Pedro!

Jesus não responde. Os seus argutos olhos vê ao longe – bem fora do trilho no qual seguiam – uma casa.
-Vamos até aquela casa ao longe e, em lá chegando, faremos o último Trabalho de Evangelização do dia. Lá, próximo da casa, a segurança será maior que esta – se optarmos em acampar a beira da estrada – dissera Jesus!
-Está bem Senhor – aquiesce Pedro, mesmo porque, “manda quem pode e obedece quem tem juízo”, e o Mestre Jesus tem poder “para dar e vender” – se fosse o caso! E o Apóstolo Pedro fez direitinho tudo que “o seu Mestre mandou”. (Esse dito: “Fazer tudo que o seu mestre mandar” era uma antiga brincadeira de criança na qual prometíamos “fazer tudo que o seu mestre mandasse” – lembraram?) Bem sabido e obediente, o Apóstolo Pedro fez tudo aquilo que o seu Mestre Jesus mandou!
 
Parte I:
Os obreiros chegam, enfim, a casa e Jesus se apresenta, sendo recebido pelo patriarca que lhes oferece abrigo e alimentação.

Sobre a mesa estava um vasilhame descoberto contendo um enorme frango assado – verdadeiro convite para o Pedro faminto. E ele deixa escapar um riso mostrando o siso. Todavia, a sua alegria é contida.
-Obrigado, senhor! Por estarmos fazendo um Trabalho de Evangelização, primeiro nós precisamos pregar a palavra do Deus Pai! – dissera o Mestre Jesus ao patriarca do clã!
-Senhor, comemos para, depois, pregarmos! – dissera o famélico Pedro!
-Pedro, primeiro a obrigação! Vamos evangelizar para, depois – e somente depois – nos alimentarmos. Alimentemos primeiro o espírito com as Sagradas Palavras. Depois, vamos alimentar os corpos com os abençoados alimentos que o nosso Pai nos provera.

O patriarca volta a cobrir o frango sob o olhar nada amigo do Pedro, em cuja barriga rugia o famélico leão estomacal. E ele – mesmo a contragosto – aceitou as ponderações. E cá para nós: quem poderia ir contra Jesus?
 
Parte II:
Jesus inicia o Trabalho de Evangelização, enquanto Pedro não tirava os olhos do apetitoso frango assado com as suas pernas escancaradas, como a dizer: - Me coma, por favor, me coma!

Pedro não resiste. Em dado momento, ele arranca uma das escancaradas pernas do frango – com a coxa e tudo mais a que tinha direito – e sai de fininho para o quintal com o fito de degustá-la! Ninguém viu – pensou! Mas pensou errado. Jesus – que, como bem sabemos, sabe de tudo e a tudo vê – viu, também, Pedro surrupiando a coxinha de frango assada.

Terminado o Trabalho, hora da degustação. O patriarca retira o pano que cobria o assado e nota que o mesmo está aleijado – faltava-lhe uma perna, aquela que fora surrupiada pelo Pedro faminto. Jesus sai ao quintal da casa e aborda Pedro.

-O que você fez foi muito errado, Pedro. Pegar a coxa de frango assada e sair às escondidas para comê-la é algo que não se pode fazer! Lá, sobre a mesa, está um frango assado faltando uma perna com a respectiva coxa, a mesma que você comeu!
Pedro – antecipando as outras três negações futuras – nega o fato atual e tenta justificar-se:
-Mestre Jesus, nesta região todos os frangos têm, somente, uma perna. Vamos, lá, no galinheiro e verás Senhor, que tenho razão. E repete a mentirosa justificativa: aqui os frangos têm, somente, uma perna e não as duas comuns.

(Devo apresentar uma explicação: As galinhas ao pousarem para dormir, geralmente – nem sempre – encolhem uma das pernas. E o Pedro “malandro” bem sabia desse detalhe, sendo este o motivo pelo qual ele queria mostrar para o seu Mestre Jesus que não era o autor inconteste do “suposto” (Sic!) delito praticado.) Voltemos, pois, aos fatos:
Ao chegarem ao galinheiro, Pedro mostra para Jesus as galinhas dormindo sobre “uma só perna” e, eufórico diz:
-Não lhe disse Senhor? Aqui nesta região, todas as galinhas só têm uma perna, e não as duas. Jesus dá um sorriso matreiro, olha para e Pedro e grita: - Xô!...

As galinhas acordam e disparam em uma correria sem freios, mostrando terem, sim, as duas pernas.

Pedro – agora, mostrando um sorriso amarelecido e sem mostrar o siso pela vergonha – se vira para Jesus e, na maior cara de pau diz:
-Mestre Jesus, o Senhor não perde a oportunidade de fazer os seus ‘milagrezinhos’! Agora, nesta região, todas as galinhas terão as duas pernas!
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PS. Este conto me fora passado pelo meu dileto e conspícuo amigo e Mestre Dr. Aloísio Alves de Melo, mui digno Procurador de Justiça do Estado de Minas Gerais, no dia 13/12/2020 – data do seu aniversário!
Como um modesto presente de aniversário, presto-lhe, pois, esta singela homenagem, tornando público o conto em epígrafe.
 Ao Mestre (Dr. Aloísio Alves de Melo), Com Carinho! 
Imagem: Google
 
 
 

 
Altamiro Fernandes da Cruz
Enviado por Altamiro Fernandes da Cruz em 14/12/2020
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