O CIGARRO É PREJUDICIAL AO SEU ENTRETERIMENTO.

Meu pai sempre fumou e segundo ele, desde os 14 anos de idade, talvez o intervalo de abstinência até hoje passados 70 anos, tenha sido quando sofreu o AVC, passou pelo menos uns três meses sem tragar um canceroso, esse era o nome que davam ao cigarro e que sempre ouvia chama-lo na minha mocidade. Passados esses dias sem fumar eis que um dia esqueceram o troco do pão debaixo da toalha da mesa, quando se deram conta e ao notar a ausência de seu Valdemar e o portão aberto, já era tarde, minha irmão foi até seu encontro e se deparou com ele meio tonto e dando aquelas baforadas. Como em outrora daí pra frente aquela carteira de cigarro deu origem a segunda temporada dessa serie que dura até hoje. Só que desta vez com mais intensidade, já que passa o dia sentado ou deitado em uma rede, e sem o que fazer devido as limitações de seu braço, o cigarro é um de seus passa tempo.

Também fumei desde os 16 anos, hoje estou sem praticar esse habito por mais de 7 anos, depois de 2 tentativas quando a primeira durou 1 ano e 5 meses e a segunda 1 ano e dez meses, na terceira consegui largar o vício, procurei uma data que jamais pudesse esquecer 03.03.2013 (três de março de dois mil e treze). Em todo o tempo que pratiquei o tabagismo, só conseguia ficar sem fumar se meu pai estivesse presente, não sentia nem vontade e jamais fumei na sua frente. Apenas uma vez em meu aniversário, quando estávamos no aeroporto de Manaus aguardando o voo para fortaleza, resolvi comprar um charuto e compartilhei com ele até a hora do embarque. Outra vez aconteceu, quando estava saindo de manhã de casa em uma moto e fui surpreendido por seu Valdemar que ao me ver fumando me disse:

- Dando uma tabaqueada na memória sedo, meu filho!

Fiquei tão nervoso que me deu vontade de engolir aquela bituca.

Meu pai sempre nos deu conselho para que não fumasse, apesar que o melhor exemplo que ele poderia nos dar era não fumar.

Me lembro que uma das formas que ele usava para que adquiríssemos ódio do cigarro, era nos mandar comprar uma carteira de cigarro na taberna que ficava a 4 quadras de nossa casa. Ele procurava o filho que estivesse mas distraído fazendo algo ou assistindo televisão. O felizardo ia bufando de raiva, mas como nada que está ruim não se pode piorar, muita das vezes sua carteira ainda estava quase que completa, mas como estava chovendo, ele nos dava essa missão e ainda dizia para levarmos uma sacola de plástico para não molhar o plástico da carteira.

Mesmo com seus métodos, no meu caso, não consegui ter ódio e sim prazer por muitos anos ao fumar um cigarro, o que tive muita era raiva de meu genitor quando me mandava comprar cigarro na chuva.

Elton Portela
Enviado por Elton Portela em 29/11/2020
Reeditado em 17/07/2023
Código do texto: T7123601
Classificação de conteúdo: seguro