Rapaz, não é que ficou bom o pudim?!
Com um olhar de soslaio, certo de que não estava sendo visto, equivoquei-me. Mamãe sempre foi perspicaz.
Senti um leve assopro no pescoço, de alguém à minha retaguarda. Era uma voz bem mansa, dizendo assim - bem baixinho: "Rapaz,"…
Ante o ocorrido, que susto! Deixei cair a travessa sem que ela pudesse complementar a frase: …"não é que ficou bom o pudim"!?
Ela sorriu para mim e disse: "tudo está bem!" Ensinou-me a juntar sem riscos os cacos; limpamos juntos, brincando, a geladeira e o piso todo "eslameado".
Acabei herdando dela algum talento de confeiteiro. Nem sempre o resultado é dos melhores, mas já vi alguns bem piores. Não posso reclamar.
Que doçura era a minha mãe, muito melhor do que o pudim que não provei. Nela, sim, e no seu tão grande amor, pude eu me esbaldar.