Eu não sou poeta
Eu não sou poeta; sou recitador -
Canto os grandes do passado:
Drummond, Bilac, Gregório Matos,
Pessoa, Quintana... e Adamastor!
Minha rima não é rica;
peco ao compor a métrica;
sigo a tropeçar na estrofe
em busca do tema e do mote.
Ao mestre Bilac clamo inspiração:
"Não se mostre na fábrica o suplício
do mestre."
Que minha mão ele adestre
e torne meus versos em canção!
De Drummond vem a palavra que não cala:
"E o que mais, vida eterna me planejas?"
Possam meus versos vestir-se de gala
e sigam nas lides e pelejas!
Quintana canta: "um elevador lento
e de ferragens belle èpoque"
- e eu prossigo sem um mote
para chegar ao meu intento!
Da mitologia, convoco Adamastor
com sua gigantesca forma;
- e findo estes versos sem norma -
eu não sou poeta; sou recitador!
Bispoeta