Meus avós maternos
Meus avós maternos
Na praça Graccho Cardoso,
Bairro São José, da bela capital Aracajuana,
Repousava na casa 20, um casal de bela união.
Ele, de olhos azuis, togado na essência,
Ela, de tom sereno, no silêncio da sabedoria.
Foram nove os herdeiros, que marcaram suas histórias,
Espelhando Osmans e Josefinas,
Ao cheiro dos memoráveis lombos de panela,
Carnes do sol e feijoadas,
Em pleno domingo, de casa cheia.
Sentados em cadeiras de balanço,
Com sorrisos jocosos dele sobre os outros,
E a sobriedade dela, na rédea curta, apenas no olhar.
E assim, mais de cinquenta anos juntos,
Entre uma ex-noviça, forte e predestinada
E um ex-boêmio, que ao ver uma foto num álbum,
Reconheceu o seu viver e sua razão,
E ao vê-la fisicamente,
Teve seus lábios o direito de pedir,
O desejo do coração e da alma.
Assim, serviram de exemplo aos que duvidam,
Que na alegria e na tristeza,
O amor não é apenas uma foto de parede,
É um desafio para verdadeiros apaixonados.
Alessandro Buarque Couto
26/09/2020