RICARDO PUSSOLI
RICARDO PUSSOLI
No Messenger, encontro a seguinte comunicação: “Estimado Paulo, é o Rafael Pussoli. Tudo bem, como você está? Lembro da reunião na sala de jantar da casa dos meus amados e saudosos pais. Há mais ou menos 30 anos.” Tiro a névoa e as teias que o tempo fez em minha memória. Fui à Curitiba em 1990 e tive o prazer de reencontrar um personagem inesquecível: Ricardo Pussoli na época com 78 anos. Eu, gerente de obras da Inpacel em Arapoti, seguida vezes ia à Curitiba. Convidado por “seu” Pussoli,fiz uma visita a ele. Nossa amizade havia se iniciado vinte anos antes.
Em 1970 a 1973, trabalhei como Inspetor de Obras da Prefeitura Municipal de Curitiba, responsável das obras de Estação Rodoferroviária de Curitiba. O ambiente de trabalho em uma obra do porte da Rodoferroviária exige comprometimento de todos os envolvidos. Logo me interessei em saber qual a estrutura administrativa da Construtora Pussoli, encarregada de executar a obra. Descobri que acima de todos os setores havia um cérebro que definia as ações e decidia o passo a passo dos trabalhos.
Um homem simples, comunicativo, Ricardo Pussoli, sempre de terno e gravata, chegava à obra bem cedo e distribuía orientações, elogios e, lógico, sérias chamadas à ordem dos responsáveis por falhas ocorridas. Em uma rápida passada na obra, Pussoli notava o que estava certo, quais problemas que havia. Ricardo Pussoli orientava e aceitava boas sugestões. Com total comprometimento e responsabilidade, Ricardo tinha uma atuação decisiva em tudo que acontecia em sua empresa. As soluções vinham à sua mente na hora, convocava os responsáveis e definia as próximas ações. Com sotaque italiano e uma energia invejável, Pussoli conhecia detalhes de cada uma das inúmeras profissões envolvidas. Orientava pedreiros, carpinteiros, ajudantes, eletricistas, encanadores, calceteiros. Ás vezes pegava uma ferramenta do próprio funcionário e mostrava como queria o serviço. Seu prazer era estar juntos aos serviços de campo, embora não descuidasse da visão geral da obra. Em rápidas reuniões, Ricardo orientava, definia e cobrava seu pessoal, sabia os nomes da maioria das pessoas de cada setor. Lembro de passagens inesquecíveis de Pussoli.
Na saída do canteiro de obras, um homem o aguardava e solicitou sua atenção. Pussoli escutou o camarada argumentar que tinha dezoito anos de experiência como servente. Pussoli falou que se ele não aprendera uma profissão nesse tempo todo, não podia trabalhar com ele. Vendo a tristeza estampada no rosto do homem, Ricardo lhe deu emprego.
Um camarada ofereceu a Pussoli, que era hábil negociador, um caminhão a um preço baixo. A empresa não precisava de caminhão, mas Ricardo ofereceu pagar metade da pedida. O cara não aceitou e saiu. Dois dias depois voltou a acolheu a proposta.
Ir com Ricardo Pussoli à Prefeitura era engraçado. Cumprimentava cada funcionário pelo nome, perguntava dos parentes pelos nomes deles, sempre oferecendo, caso necessário, ajuda. Em troca, cada visita de Pussoli à Prefeitura era uma alegria. As faxineiras, os vigias, as secretárias, técnicos e demais pessoas o cumprimentavam efusivamente, ele cumprimentava a todos.
Todos os eventos importantes da construção da Rodo foram comemorados com churrasco, Pussoli não abria mão disso.
Em diversas ocasiões, seu Pussoli me levou em seu carro de volta para minha casa, ocasiões que a conversa era para mim enriquecedora pelo contato com um grande empresário. Eu perguntava tudo que queria e seu Pussoli respondia, contava suas histórias desde tempos do início de sua empresa.
Com o tempo entendi que Ricardo era um tipo raro de empreendedor inteligente, mostrava uma visão enorme e muita fé no futuro de Curitiba, características que fizeram dele um empresário e um incorporador único, que marcou e muito contribuiu para o progresso e transformação da capital paranaense na metrópole que é hoje.
Acima de tudo, um grande homem e um ser humano incomparável por sua simplicidade e inteligência. Onde estiver, Ricardo Pussoli receba minha gratidão de poder compartilhar uma época de minha vida com você.
Paulo Miorim 13/07/2020