Homenagem ao amigo,
Monsenhor Jose Roberto Rodrigues Devellard
Padre José Roberto foi meu segundo Mistagogo, o primeiro foi meu pai.
Mistagogo é a pessoa que introduz você nos mistérios de Deus.
Lembro-me bem deste dia, era um domingo de fevereiro de 1977. Ele era novo na paróquia São Jaime, atual São Tiago Apóstolo, no Lins de Vasconcelos, Rio de Janeiro, RJ. E como gostava de cantar e tinha uma voz muito bonita, ele estava no altar, ensaiando os cantos para a missa das crianças, que iria começar.
Eu, Terezinha, tinha apenas um ano que morava na Rua Padre Roma, próxima à Igreja e já havia começado um relacionamento com as crianças da rua, por causa do Teatrinho Nosso Quintal, que nasceu em outubro de 1976. Como eu ia para a Igreja a pé, gostava de chamar as crianças vizinhas para irem à missa junto comigo e meus filhos. Chegando à porta da Igreja, todas de mãos dadas, olhamos para o altar e o Padre Zé Roberto estava sorrindo para nós. E no final da missa, convidou-me para ser catequista. Já se passaram 43 anos dessa maravilhosa aventura no caminho de Jesus. Foi o início de uma amizade sem fim, tanto com o padre quanto com Jesus.
Padre José Roberto sempre valorizou o Teatrinho Nosso Quintal. Abriu as portas da Igreja para essa Arte de comunicar, tanto para as crianças da rua, como para as do catecismo.
No dia de Natal, durante a missa, não fazia a homilia, em que era mestre, e convidava as crianças para a apresentação do Auto de Natal, que era sempre uma história diferente a cada ano. E durante o ano, outras peças de teatro eram apresentadas no espaço do altar. Lembramos de algumas: “O Coelhinho e as flores”, de Zuleika Mello, “Pluft, o fantasminha”, “A Bruxinha que era boa...” e “Boi e Burro a caminho de Belém”, da Maria Clara Machado, E tantas outras... Ele construiu a Igreja, que era uma extinta fábrica de papelão, a Capela do Santíssimo, o Centro Social Tio Fausto e a Casa Paroquial. Tudo isto nos cinco anos que ficou conosco. E o mais difícil e importante é que junto com as obras e todo desafio financeiro, ele construiu a nossa comunidade da São Jaime, cujos laços perduram até hoje.
Eu observei no Padre José Roberto uma grande e rara qualidade que talvez seja um dom: Quando conhece uma pessoa, descobre com facilidade o seu talento e faz despertar e desenvolver esta aptidão, chamando-a para exercê-la junto à comunidade e sempre confiando nela. Isto é muito importante num Padre, cuja função maior é ser Pastor.
As pessoas não são iguais e precisam crescer naquilo que sabem e gostam de fazer. Ele mesmo dava muitos exemplos para todos nós, de alegria no trabalho: Ele varria, plantava, carregava pedras, enfim estava em todas as frentes.
Padre José Roberto gostava muito de ser Padre! Fizemos vários passeios ao longo dos cinco anos. Saíamos no sábado e voltávamos no domingo. Era um sítio em Itaipava dirigido por uma Ordem de irmãs religiosas cujo nome eu me esqueci. A Comunidade se divertia muito! Eram crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos. Tinha de todas as idades, porque todas as pastorais eram convidadas.
Mas tudo passa, como diz Santa Teresa D´Ávila.
Em outubro de 1982, após inaugurar a Capela de São Francisco de Assis na Comunidade da Árvore Seca, no Complexo do Lins de Vasconcelos, ele viajou para Roma para estudar, em especial Arte Sacra.
E quando voltou foi designado para a Igreja da Ressurreição, em Copacabana, onde ficou como Pároco por 34 anos.
Após os cinco anos de convivência, aprendizado e crescimento com o Padre Jose Roberto, era natural que a comunidade sentisse falta de sua presença tão marcante. Então, um pequeno grupo de amigos da São Jaime, sempre procurava estar presente em algumas datas importantes de sua vida e de suas famosas celebrações e apresentações artísticas. Algumas de nossas visitas já eram tradicionais, como no dia de Reis e a bênção da Romã, que ele preparava tão bonita, ao som da Folia de reis da Mangueira e, também, os seus aniversários de vida e de Ordenação Sacerdotal, em 30 de janeiro e 14 de setembro. Em outras ocasiões participávamos eventualmente. mas sempre eram momentos que nos deixavam felizes e emocionados com sua criatividade e entusiasmo em tudo que realizava.
Ele batizou nossa neta Gabriela e nosso neto Lucas. Celebrou nossas bodas matrimoniais de 40, 45 e 55 anos. Foram momentos inesquecíveis com toda família reunida.
Durante muitos anos ele, também, celebrou a missa de domingo pela TV Brasil, transmitida para todo o Brasil. Antigamente era nos estúdios, no centro da cidade do Rio de Janeiro e hoje no Santuário de Nossa Senhora de Fátima, no Recreio, também no Rio de Janeiro. Nós tínhamos encontro marcado com ele às 8h da manhã para matar a saudade e escutar suas homilias que são de um jeito diferente porque, com muita sabedoria, ele consegue trazer o Evangelho para a vida do dia a dia. Depois, naturalmente, íamos à missa na paróquia de São Sebastião dos Capuchinhos na Tijuca.
Sinto muito ter perdido seus encontros semanais na Radio Catedral às 16.45h, toda quinta feira, quando apresentava uma reflexão catequética no programa “Com Arte, sustentai a louvação”. Seria muito bom se estas mensagens fossem copiladas em livros ou em sites para que pudéssemos ter acesso a elas.
No último dia 14 de setembro, dia da Exaltação da Santa Cruz era o dia que ele fazia 47 anos de Ordenação Sacerdotal. Antes de celebrar a missa, não passou bem e precisou ser internado e no dia seguinte, pela manhã, não resistiu e fomos surpreendidos com a notícia:
Nosso querido padre José Roberto viajou de volta à Casa do Pai !
Esta foi uma amizade que começou em 1977 e não terá fim, porque o verdadeiro amor é eterno!!!
REZEMOS:
• Senhor, obrigada por Padre José Roberto R
Devellard fazer parte de nossas vidas !
• Senhor, obrigada por suas orações e intercessões! • Senhor, obrigada por seu testemunho de vida junto
à Natureza, aos Irmãos, à Arte e à Beleza!!!
• Senhor, abençoe o Padre José Roberto, sua família
de origem e toda sua família comunitária!
Terezinha, 16 de setembro de 2020
Monsenhor Jose Roberto Rodrigues Devellard
Padre José Roberto foi meu segundo Mistagogo, o primeiro foi meu pai.
Mistagogo é a pessoa que introduz você nos mistérios de Deus.
Lembro-me bem deste dia, era um domingo de fevereiro de 1977. Ele era novo na paróquia São Jaime, atual São Tiago Apóstolo, no Lins de Vasconcelos, Rio de Janeiro, RJ. E como gostava de cantar e tinha uma voz muito bonita, ele estava no altar, ensaiando os cantos para a missa das crianças, que iria começar.
Eu, Terezinha, tinha apenas um ano que morava na Rua Padre Roma, próxima à Igreja e já havia começado um relacionamento com as crianças da rua, por causa do Teatrinho Nosso Quintal, que nasceu em outubro de 1976. Como eu ia para a Igreja a pé, gostava de chamar as crianças vizinhas para irem à missa junto comigo e meus filhos. Chegando à porta da Igreja, todas de mãos dadas, olhamos para o altar e o Padre Zé Roberto estava sorrindo para nós. E no final da missa, convidou-me para ser catequista. Já se passaram 43 anos dessa maravilhosa aventura no caminho de Jesus. Foi o início de uma amizade sem fim, tanto com o padre quanto com Jesus.
Padre José Roberto sempre valorizou o Teatrinho Nosso Quintal. Abriu as portas da Igreja para essa Arte de comunicar, tanto para as crianças da rua, como para as do catecismo.
No dia de Natal, durante a missa, não fazia a homilia, em que era mestre, e convidava as crianças para a apresentação do Auto de Natal, que era sempre uma história diferente a cada ano. E durante o ano, outras peças de teatro eram apresentadas no espaço do altar. Lembramos de algumas: “O Coelhinho e as flores”, de Zuleika Mello, “Pluft, o fantasminha”, “A Bruxinha que era boa...” e “Boi e Burro a caminho de Belém”, da Maria Clara Machado, E tantas outras... Ele construiu a Igreja, que era uma extinta fábrica de papelão, a Capela do Santíssimo, o Centro Social Tio Fausto e a Casa Paroquial. Tudo isto nos cinco anos que ficou conosco. E o mais difícil e importante é que junto com as obras e todo desafio financeiro, ele construiu a nossa comunidade da São Jaime, cujos laços perduram até hoje.
Eu observei no Padre José Roberto uma grande e rara qualidade que talvez seja um dom: Quando conhece uma pessoa, descobre com facilidade o seu talento e faz despertar e desenvolver esta aptidão, chamando-a para exercê-la junto à comunidade e sempre confiando nela. Isto é muito importante num Padre, cuja função maior é ser Pastor.
As pessoas não são iguais e precisam crescer naquilo que sabem e gostam de fazer. Ele mesmo dava muitos exemplos para todos nós, de alegria no trabalho: Ele varria, plantava, carregava pedras, enfim estava em todas as frentes.
Padre José Roberto gostava muito de ser Padre! Fizemos vários passeios ao longo dos cinco anos. Saíamos no sábado e voltávamos no domingo. Era um sítio em Itaipava dirigido por uma Ordem de irmãs religiosas cujo nome eu me esqueci. A Comunidade se divertia muito! Eram crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos. Tinha de todas as idades, porque todas as pastorais eram convidadas.
Mas tudo passa, como diz Santa Teresa D´Ávila.
Em outubro de 1982, após inaugurar a Capela de São Francisco de Assis na Comunidade da Árvore Seca, no Complexo do Lins de Vasconcelos, ele viajou para Roma para estudar, em especial Arte Sacra.
E quando voltou foi designado para a Igreja da Ressurreição, em Copacabana, onde ficou como Pároco por 34 anos.
Após os cinco anos de convivência, aprendizado e crescimento com o Padre Jose Roberto, era natural que a comunidade sentisse falta de sua presença tão marcante. Então, um pequeno grupo de amigos da São Jaime, sempre procurava estar presente em algumas datas importantes de sua vida e de suas famosas celebrações e apresentações artísticas. Algumas de nossas visitas já eram tradicionais, como no dia de Reis e a bênção da Romã, que ele preparava tão bonita, ao som da Folia de reis da Mangueira e, também, os seus aniversários de vida e de Ordenação Sacerdotal, em 30 de janeiro e 14 de setembro. Em outras ocasiões participávamos eventualmente. mas sempre eram momentos que nos deixavam felizes e emocionados com sua criatividade e entusiasmo em tudo que realizava.
Ele batizou nossa neta Gabriela e nosso neto Lucas. Celebrou nossas bodas matrimoniais de 40, 45 e 55 anos. Foram momentos inesquecíveis com toda família reunida.
Durante muitos anos ele, também, celebrou a missa de domingo pela TV Brasil, transmitida para todo o Brasil. Antigamente era nos estúdios, no centro da cidade do Rio de Janeiro e hoje no Santuário de Nossa Senhora de Fátima, no Recreio, também no Rio de Janeiro. Nós tínhamos encontro marcado com ele às 8h da manhã para matar a saudade e escutar suas homilias que são de um jeito diferente porque, com muita sabedoria, ele consegue trazer o Evangelho para a vida do dia a dia. Depois, naturalmente, íamos à missa na paróquia de São Sebastião dos Capuchinhos na Tijuca.
Sinto muito ter perdido seus encontros semanais na Radio Catedral às 16.45h, toda quinta feira, quando apresentava uma reflexão catequética no programa “Com Arte, sustentai a louvação”. Seria muito bom se estas mensagens fossem copiladas em livros ou em sites para que pudéssemos ter acesso a elas.
No último dia 14 de setembro, dia da Exaltação da Santa Cruz era o dia que ele fazia 47 anos de Ordenação Sacerdotal. Antes de celebrar a missa, não passou bem e precisou ser internado e no dia seguinte, pela manhã, não resistiu e fomos surpreendidos com a notícia:
Nosso querido padre José Roberto viajou de volta à Casa do Pai !
Esta foi uma amizade que começou em 1977 e não terá fim, porque o verdadeiro amor é eterno!!!
REZEMOS:
• Senhor, obrigada por Padre José Roberto R
Devellard fazer parte de nossas vidas !
• Senhor, obrigada por suas orações e intercessões! • Senhor, obrigada por seu testemunho de vida junto
à Natureza, aos Irmãos, à Arte e à Beleza!!!
• Senhor, abençoe o Padre José Roberto, sua família
de origem e toda sua família comunitária!
Terezinha, 16 de setembro de 2020