Parabéns Minha Árvore!

Por Nemilson Vieira(*)

Como o tempo passa! Outro dia mesmo, a vi ainda uma semente; na palma da minha mão.

Fiz-me num bom dispersor e a plantei; a terra húmida logo quebrou a sua inércia — deu-me o prazer da contemplação; ao germinar.

Bem mais nova, eu vivia a brigar com os marmanjos e com as crianças da minha rua; ao quebrar-lhe algum galho. — Sofri no desgosto que passei naquele tempo, ao ver aquilo repetidas vezes. — Os filhos ao aprontar, e as mães não os repreender.

Deixemos para o esquecimento essas coisas; isso já faz parte do passado, uma página virada.

O que mais conta é vislumbrar, todos os anos, as suas verdes vestes; pronta para a festa do próprio aniversário.

Em setembro vejo-lhe mais vistosa nesse lindo vestido longo, novo em folhas; maravilhoso, da cor do verde das plantações.

Não sabe, mas já o ameaçaram de suprimi-la por causa dessa sua vestimenta velha que dá lugar à nova roupagem. — Alegam sujar muito as ruas, os telhados, entupir as calhas.

Para amenizar as ofensas, todos os anos, sem palavras diminuo o impacto e recolho no mês de setembro, as suas folhas, flores, galhos secos que caem. Reaproveito o material orgânico para adubar as minhas plantas.

Tive a alegria de acompanhar as fases da sua vida; um grande privilégio para mim! Estou feliz em ver-lhe assim tão formosa, cheia de graça e vida! Feliz por fazer parte da sua história. Dar-lhe a oportunidade de viver e ser útil ao mundo que Deus criou!

Ontem ao abraçar-lhe, alguém ao ver a cena arregalou os olhos. Talvez pensasse que pirei duma vez. Se enganaram com esse meu gesto. Não era coisa de maluco aquilo. Era o nosso caso de amor que muitos não entendem.

— Nesse amor mais recebo do que dou. A não querer nada em troca a não ser o respeito, a oportunidade, para dividir connosco a harmonia, a paz, a vida e o bem estar de cada dia.

Obrigado a minha árvore por estes anos todos da nossa doce convivência!

Feliz aniversário e vida longa querida!

Nemilson Vieira

Acadêmico Literário

(31.08.17)