3 anos sem Luiz Melodia

Conheci a música de Luiz Melodia na voz do amigo Juninho!

Aquele, filho do pastor Ebenézer, anos 70, bem no comecinho:

“Se alguém quer matar-me de amor que me mate no Estácio”.

Procurei saber de quem era aquela canção de tanto esmero.

Juninho descobriu por ter ido estudar no Rio de Janeiro

correndo atrás de régua e compasso.

Depois me vi tentando lapidar em todas as rádios as músicas de Luiz Melodia.

Achava algumas, soube do Pérola Negra, me perdi na sua poesia,

e até hoje ele é um dos meus autores preferidos.

Luiz Melodia fazia parte dos que a crítica chamava de compositores malditos.

Como maldito se ele fez aquela jóia antológica chamada Mico de Circo,

acho que malditos eram aqueles que não enxergavam nele os predicados.

“Se a gente falasse menos talvez compreendesse mais",

dizia o compositor tentando trazer pros críticos um pouco de paz,

sua alma pura não condizia com qualquer tipo de competição.

“Passa a vida, passa o ar, mas eu quero é encontrar”,

esses versos maravilhosos foram a maneira que eu pude achar

para tentar entender o ódio que aqueles críticos tinham no coração.

Na minha minha “Juventude transviada” pude conhecer esse compositor.

Hoje posso dizer que ele é o verdadeiro “Codinome beilja-flor”,

retratado na interpretação magistral da canção do Cazuza, vinda na hora certa.

Sei que não preciso “arranjar sangue para esrever no pano"

e nem “escrever no quadro com palavras gigantes” para mostrar meu desengano

ao saber da morte de tão grande poeta.

“Abundantemente morte”,

és mesmo uma senhora de sorte,

conseguiu o seu intento levando o Luiz Melodia.

Poeta, és grande como o pôr do sol, és como um lindo sorriso brilhante,

és como um beijo liberto, como melado decorado cor de rosa, dos lugares distantes,

foi-se com tristeza, mas deixou em mim um coração cheio de alegria.