PAI...

Dia dos Pais, em homenagem ao meu Pai e a todos os pais.

PAI...

Já se passaram tantos anos de sua partida, mas estas vivo em minha memória e coração, a vida é assim mesmo Pai, confota-me a minha alma, por saber, que um dia nos encontraremos no plano celestial, mas Pai, eu nao esqueço, penso muito no Senhor, lembro quando ainda curumim, o Senhor, me levava nas pescarias, nas caçadas, nas matas gerais, tempo do fabrico das castanhas no Uatumã, adentrava-mos as matas com os Meteiros (guias), e os cachorros, chegava a dá medo, fazendo as picadas, para que no final da tarde, pudessemos retornar.

Arvores enormes, castanheiras frondosas que chegavam medir 150 metros de altura, o Senhor fazia questão de me levar e eu com todo prazer, adorava ir, talvez por ser o mais velho dos homens. Havia muita caça, cutia passeava nas folhas enquanto estávamos juntando as castanhas, veado, porco espinho, mas tínhamos cuidado com a onça, que poderia aparecer. Certa vez, os cachorros, sentiram o cheiro de caça e saíram em disparada mata a dentro, os Meteiros gritavam por eles e ouviram bem longe quando eles respondiam latindo. Não teve outra alternativa, senão ir atrás dos cachorros, chegando lá, haviam encurralados porcos no buraco, mataram um e retornaram com os cachorros.

Nesse dia tinha fartura de comida, Jabuti, que foram pegando no caminho, Veado que mataram no dia anterior, Porco, e Peixes que eu havia pegado no Porto. A noite, ainda pescavam peixes de Poronga.

O Senhor sempre me levou a esses lugares maravilhosos da natureza. O Uatumã, tem praias maravilhosas, águas pretas cristalinas, as matas virgens lindíssimas. Por isso, que eu tenho muito amor pela natureza, por esses lugares agrestes. Além do mais, pesquei com o Senhor, nos lagos de Urucará e conheço cada um deles, são lindos demais e precisam ser preservados, para que os nossos filhos e netos, possam usufruir dessa dádiva da natureza.

Lembro-me bem, que certa vez, fomos pescar no Miuá e na volta a tardinha já no Lado do Cacaia, pois vinhamos pelo Furo, tinha um catauarizeiro com frutos maduros, o Senhor pegou o caniço e jogou o anzol e pegou um enorme Tambaqui, o maior peixe do dia. Foi festa.

O Senhor, me ensinou também, a ter humildade, respeitar os mais velhos, ser honesto, e muitas outras coisas mais.

Eu sou o homem que sou, pela sua orientação e ensinamento.

Muito obrigado PAI, meu irmão, meu herói, meu amigo.

José Gomes Paes

Poeta e escritor urucaraense

Membro da Abeppa e Alcama