Professora Antusa Atônito Cardoso
Por Nemilson Vieira de Morais (*)
“Se não fosse Imperador, desejaria de ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro.” — (D. Pedro II).
CULTURA JAPONESA
Num almoço com um japonês (não tão longe dos 100 anos) perguntei a ele o que eu sabia de leitura.
— É verdade que o professor no Japão é respeitado, valorizado e, reverenciado como o imperador?
— Não chega a tanto, mas, bem próximo disso.
Certo que nós brasileiro vivemos muito aquém deles noutros e nesse aspecto também.
A PROFESSORA ANTUSA
Dentre as professoras que marcaram a minha vida de estudante a Antusa fora uma delas.
Antusa Antônio Cardoso. — Membro da família Cardoso, a mais tradicional de Campos Belos (GO); é irmã do Domingos A. Cardoso, ex-prefeito da cidade, por alguns mandatos, Francisco ( Chiquim) A. C. , pastor Batista, Alaídes A. C. (Ex-professora, diretora de escolas na cidade)...
Brilhou grandemente no seu tempo, como trabalhadora incansável na Rede Pública de Ensino local; na década de 1970. — Provável ter atuado neste seguimento, em período anterior. De uma inegável competência no que fazia. Séria, dedicada, discreta e amável. Possuidora de vasta cultura; seu sucesso como docente, se deu pela capacidade, dedicação, disciplina e amor.
... Com isso conseguiu seus objetivos: transformar a maneira dos seus alunos verem o mundo. Fez-nos repensar sobre o nosso lugar e a importância do modo de estarmos nele (no mundo). Nessa motivação nos sentir capazes de lutar por nossos sonhos...
A professora Antusa conservava e difundia a crença na causa que mais defendia: a educação. Não se aprendia com ela somente o referente às disciplinas escolares, mas, também os saberes sobre a vida: como se relacionar em sociedade.
É BOM RELEMBRAR
A vida e obra desta personagem não deve ser esquecida nunca. Sua lembrança ainda está viva na memória dos moradores mais antigos e dos mais jovens: pela perpetuação da sua memória.
Merecidamente já há um colégio de referência na nossa cidade que leva o seu nome: a Escola Estadual Polivalente Professora Antusa. — Onde concluí o meu ensino fundamental. Atual Colégio Estadual de Período Integral (CEPI).
PROFESSORA FORA DAS 4 PAREDES
Não era a limitação de um espaço físico que tirava dessa professora a autoridade do seu ofício. Em qualquer lugar que pusesse os seus pés não deixava de ser uma educadora.
A sua conversa conosco (alunos) era sucinta, objetiva.
Da nossa parte, todo cuidado era pouco…
Qualquer deslize no português (no falar), por mínimo que fosse, a correção vinha na hora; numa voz firme, calma, educada. — Ouvida por quem estava próximo, observada pelos de longe. Não dava para esconder a vergonha em algumas ocasiões das suas correções, mas, com isso podíamos aprender e, dificilmente caíamos no mesmo (s) erro (s).
COMO UMA MÃE…
Pelo que sei a professora Antusa não constituiu matrimônio, nem teve filhos, ao longo da sua existência. Parece que isso não chegou a ser um problema. O seu sacerdócio de professora assemelhava-se bem ao de mãe. Pois, sua função educacional preenchia uma coisa e outra.
O AMOR DOS MESTRES
Ainda existe muito amor nos nossos educadores, até hoje…
Uma professora em diálogo com outra diz:
— Comadre, cê tá rouca demais, não vai dar aula amanhã não!
— Não falto comadre, preciso cuidar dos meus filhos; Helley de Abreu Silva Batista, respondeu isso. Morreu ao proteger seus alunos de um incêndio criminoso, onde trabalhava como educadora, justamente nesse dia que a colega pediu-lhe que não fosse trabalhar.
Também presenciei o choro de lágrimas, de um professor ao nos pedir que não parássemos os nossos estudos, no ensino médio; que prosseguíssemos um pouco mais…
Não me esqueço disso!
Citei estes exemplos para relembrarmos que ainda há amor em muito nesses profissionais do saber, pelos seus ‘pequeninos’ (e da dimensão que ele, o amor, pode chegar).
O SEU ÚLTIMO 7 DE SETEMBRO
Um Sete de setembro bastante atípico, triste aquele de 1975; um sentimento cívico de grandes proporções, aflorava no coração da comunidade escolar e coletividade de Campos Belos.
Não se falava noutra coisa a não ser naquele desfile de Sete de Setembro.
A professora Antusa estava à frente, como uma das organizadoras daquele evento.
Esta data por lá, naquela época, quase se equiparava ao Natal. Nas comemorações, entusiasmo e alegria.
O momento mais alto e emocionante do evento, acontecia na Praça da Matriz. Quando às turmas de vários colégios se encontravam: — Do Grupo Escolar Professora Ricarda, do Ginásio Dom Alano, Escola Batista…
Se dava os discursos inflamados das autoridades locais, presentes: da Polícia Militar, da Gestão Pública Municipal, eclesiástica, diretores, professores, alunos…
Todos focados na Independência do Brasil, nos nossos heróis pátrios…
O PASSAMENTO
Naquele Sete de Setembro… o destino não quisera que aquela alegria fosse nossa: nas asas da liberdade subiu aos céus, quem muito amávamos: justamente ela, a nossa professora Antusa. A partir de então, não mais a tivemos, fisicamente; somente em boas lembranças estamos juntos.
OUTRAS ANTUSAS VIERAM
Muitas outras ‘Antusas’ surgiram e estão por aí a ensinar, a amar, a encher o mundo de conhecimentos, saberes, beleza…
Seu nome bom e suas boas ações, de quando esteve neste plano físico, não foram esquecidos; falam por si, até hoje.
Tenho por certo que a professora Antusa sempre será lembrada por muitas gerações posteriores à nossa, como referencial para as suas vidas, porque a história não há de negar-lhe ou, encobrir seus feitos memoráveis. Seu exemplo de luta e solidariedade ficou gravado nos anais da história de Campos Belos (GO).
NÃO ESQUEÇAMOS!
Seria bom se entidades culturais e educacionais de todas as esferas de governo, no nosso país, enaltecessem mais, nossos mestres nas suas nobres missões. Os que nos deixaram e os que ainda atuam; para que se sintam motivados, imitados, amados... e memória dos que foram não se percam.
A falta de uma manutenção mais intensa, da prática da exaltação desses valores bastante negados ao longo do tempo, seja um dos motivos de tanta desmotivação, pouca reverência, violência, aos nossos docentes.
Celebrar a quem amamos pelo seus feitos exemplares é uma maneira legal de ser agradecido. Pensemos nisso!
PONDERAÇÕES FINAIS
A ilustre filha de Campos Belos, professora Antusa Antônio Cardoso, dedicou uma vida inteira à educação e nos deixou uma rica contribuição na área educacional, social e cultural em sua terra querida.
Só galgou tão alto degrau na vida — e ajudou a tantas outras pessoas a fazerem o mesmo —, porque sempre ofereceu o melhor de si, à sua comunidade e aos seus amados alunos…
FELIZ PELO QUE SOU…
Com a imensa satisfação de um ex-aluno agradecido, pelo grande orgulho e legado que essa, expoente da educação deixou à sociedade campos-belense. — Como educadora, e amável pessoa, deixo aqui através deste singela texto o meu carinho e gratidão, à Antusa Cardoso e família!
*Nemilson Vieira de Morais
Gestor Ambiental/Acadêmico Literário.
Nem1000son@gmail.com