O meu herói predileto

O Meu herói predileto

Homenagem ao meu e a todos os pais do mundo.

(Osman Matos)

Sempre achei você, mais que um pai: um Pai Herói.

Quando eu era menino, você, meu pai, era o meu herói predileto.

Depois que aprendi a ler, vi nos gibis de histórias em quadrinhos, outros heróis que fui conhecendo: o Homem-Elástico, o Senhor Fantástico, o Homem-Pedra, Flash Gordon, o Homem-de-Ferro, Super-Man, o Homem Invisível entre outros, tanto em quadrinhos como em filmes de desenho.

Mas há algum tempo eu vinha tendo uma visão de raio x para ver além das aparências, analisando as suas ações de pai para criar uma família digna e feliz como a nossa e sem ter muitos recursos.

Você, meu pai, era como o Homem-elástico, mas não usava esse poder: você só botava a mão onde o seu braço alcançava. O Homem-elástico é o mesmo Senhor-Fantástico. Nesse caso, você sempre se esticava ou contraia-se dependo do tipo de impacto, o qual absorvia sempre com serenidade. Isso aumentava muito a sua autoconfiança e a autoestima.

O Senhor só gostava de fazer as coisas do seu jeito e dava tudo certo e bom para todos da família, os resultados. Outras variações de seus poderes incluíam a expansão de seus pulmões permitindo que você mantivesse sua respiração mais longa nas horas difíceis.

Não decidia na dúvida. Respirava fundo e esperava. O homem-elástico que era você, meu pai, embora pudesse, nunca alterava a sua aparência, a sua maneira de ser. O senhor era você, o mesmo de sempre, o tempo todo, alguém que não saía da linha, que a gente podia confiar. Você era como o homem-elástico, mas era sempre você mesmo, a mesma cara sem máscaras nem subterfúgios, os mesmos princípios, suas verdades.

Comparando-o com o Homem-elástico da televisão e das histórias em quadrinhos, você, meu pai, continuava sendo meu super-herói predileto.

Às vezes, você era como o Tocha-humana - “Em chamas!” - Com o corpo nesse estado, era capaz de voar, iluminar e absorver energia proveniente do seu próprio calor. Mantinha sempre acesa as suas ideias e os seus objetivos bem traçados e bem definidos: não crescer demais, ter o necessário, satisfazer a família, viver com simplicidade, e essa sua tocha continuará sempre nos iluminando.

Comparando-o com o Tocha-humana da televisão e das histórias em quadrinhos, Você, meu pai, continuava sendo meu super-herói predileto.

Às vezes, você era forte como o Homem-pedra quando a “Coisa” estava turbulenta. Ele, o Coisa, pode realizar grande esforço por durante um dia inteiro antes de se cansar significativamente. Os pulmões do Coisa são maiores e mais eficientes que o normal, permitindo-lhe prender a respiração por mais tempo. Os sentidos do Coisa suportam uma quantidade maior de estímulo sensorial, tornando-o menos sensível ao clarão ou barulho de uma explosão.

O senhor, meu pai, nunca explodia diante dos problemas. Trabalhava duro e em silêncio, não se importando se o seu sucesso fizesse ou não barulho. Trabalhava para a família e não gostava de aparecer ou se amostrar. Era muito reservado e respeitador da vida alheia.

Embora você, pai, fosse o Homem-pedra, nunca perdia a sensibilidade do tato. Não tinha um coração de pedra, mas era duro em seus princípios na selva capitalista. Só fazia o que podia, só comprava o que podia pagar, fazendo sempre a coisa honesta e certa.

O senhor, pai, era como o Homem-pedra, mas nunca perdia a ternura. Não era um trator com rolo compressor passando por cima de tudo e de todos. Usava os seus poderes para abrir, não só os seus caminhos, mas ajudar as pessoas que estavam ao seu redor.

Você, pai era o Homem-pedra, e tirava as pedras do caminho, mas não as jogava fora; ia juntando para edificar sua alvenaria, afinal, as intempéries, as falhas e os erros, você sempre encarou como aprendizagem e embelezava e ornamentava o seu caminho.

Comparando-o com o Homem-pedra da televisão e das histórias em quadrinhos, você, meu pai, continuava sendo meu herói predileto.

Quando o senhor tinha contato ou conhecia algum amigo como o Homem-Aranha, deixava que este subisse pelas paredes, e nunca caía em suas teias: usava um bom espanador.

Tocava o seu caminho com paciência e sabedoria, plantando flores ao redor, que exalavam o perfume da responsabilidade, verdade, sinceridade, lealdade e honestidade.

Dessa forma, você construiu o seu caminho, nunca sendo como o Senhor-Destino, um vilão das histórias, que mudava seu direcionamento atirando raios contra os outros para roubar-lhes energia.

O Homem-de-Ferro, você era. A sua saúde era assim. Nunca o vi doente. Saúde de ferro. Só adoeceu por males da velhice, pois se movimentava sempre.

Comparando-o com o Homem-de-Ferro da televisão e das histórias em quadrinhos, você, meu pai, continuava sendo meu herói predileto.

Continuemos o seu legado por gerações. O legado da paz, amor, harmonia, valorização, união e fortalecimento dos membros da família.

Você só não era o Super-Homem; era um Homem-Super. Super-Bom, Super-Amigo, Super-Verdadeiro. Por isso nunca era o Homem-Invisível; estava sempre presente e nos deixou uma grande fortuna de herança: uma vara de pescar.

Comparando-o com todos os demais heróis da televisão e das histórias em quadrinhos criados até hoje, você, meu pai, continua sendo o meu herói predileto.”

(texto publicado no livro “A viagem de cristal” Amazon, EUA, 2017 – de Osman Matos)