A MEMÓRIA ETERNA DE MEU PAI
MANUEL LIRA.
Hoje, exatos 50 anos que me separam de meu saudoso pai. Existem fatos que ficam parados no tempo e jamais saem da memória - o dia, a hora, o momento, o instante, o desenlace e a dor da partida para sempre...
Todos dizem e todos nós sabemos que é a lei da vida o ato de nascer e o ato de morrer, diariamente semelhantes fatos se sucedem pelo mundo afora mas nem por isso é menos cruel, menos doloroso e um sofrimento atroz ver um pai partir. O meu pai foi o melhor dos pais, hoje eu sei, e toda minha vida foi pautada à sua presença marcante subjugada a um dia a dia, de todos os dias, por trás do balcão em uma humilde mercearia de onde retirava o sustento da família. Fora-lhe somente permitido o direito à Missa dominical onde ostentava o impecável terno branco e o Chapéu Fedora ou, esporadicamente, se deleitava com as cantorias, ou idas aos circos cujas atrações eram os palhaços com argumentos chulos, as rumbeiras e vôos da morte culminando com os dramas mambembes. A única vez que foi ao Cinema Alvorada tinha uma motivação certa: estava sendo projetado o filme CORAÇÃO DE LUTO. Que também era a sua música preferida. .
No dia 25 de julho do ano de 1970 ele se foi e fiquei sem chão e o céu desabou sobre mim. A partir daquela data em diante meu coração sempre manteve um lugar vazio que nunca foi preenchido: a ausência de meu pai. Meu pai faleceu no Rio de Janeiro bem antes de concretizar o desejo último: retornar à terra amada - Bezerros em Pernambuco - e lá adormecer para sempre...
Meu querido pai se foi para sempre através de uma morte inesperada e até que eu vá também a seu encontro sentirei saudades suas; saudades eternas. Assim como para sempre lembrarei o grande homem e pai que ele foi, pois através de mim a sua memória viverá eternamente.