Meus Avós

Por natureza, sou uma pessoa nostálgica, e pelo próprio curso da vida, coleciono inúmeras saudades. Familiares, amigos, conhecidos, ícones, etc.

Mas de todas as saudades que tenho até hoje, a dos meus avós são as mais doídas.

Tive avós que verdadeiramente amavam ter netos.

Lulu e Mimi

Quando vovô Carlos Cunha e vovó Mimi "viajaram", eu ainda era muito pequena. Mas tenho lembranças e fotografias. Idas à praia, carnavais no Casino maranhense, histórias que minhas tias contam, lembranças da casa do Radional, onde todos os dias não podiam faltar, pão com ovo no café e feijão no almoço, com a mesa rodeada de netos. Lembro do último aniversário de Vovô Carlos Cunha! Um bolo azul e branco com bolinhas de chumbo (ele deixava a gente passar o dedo no bolo), mas a saudade de Vovó era tão grande... Acho que herdei a saudade de Vovô!

Lembro de como eu sofri quando não entendia porquê vovó Mimi tinha levado papai, e não entendia muita coisa sobre ser adulto e suas consequências. Então... Um dia, mesmo sem está mais aqui, eu pedi perdão a ela. Sei que ela também me entendia.

Aquela bicicleta do exército ficou marcada na minha memória. Foi um presente e tanto!

Pelo amor e exemplo, eu sei que meus avós paternos foram maravilhosos!

Zuza e Didi

Convivi mais diretamente com eles. Fui criada no sítio, na Barraca, e me orgulho disso! Com meu avô Zuza, eu vivi altas aventuras. Quando ele colocava a gente na Combi e levava pro cais em Ribamar. Minha irmã eu ansiávamos por estes momentos. Comer camarão seco com farinha de cofo, ficar na casa de tio Carrinho pra brincar com Débora... Ah! Era tudo o que a gente queria!

O domingo era nosso dia sagrado de passeio. Papai jogava bola no campo do "Batuba", Vovô saía, e a gente atrás. Aquele radinho no ouvido, na expectativa do jogo do moto... Mas o que a gente queria mesmo era sorvete de tapioca caseiro e bolinho de coco de "Vó China". Ah... As doces lembranças da infância.

Ele fazia cócegas e dia: "tu já foi num sabaréu? Tu já viu um avião?" e assim, a vida era só alegria com Vovô Zuza.

E por isso, quando ele voltou pra casa... Eu senti tanto! Comer jaca e ficar na quitanda, já não tinham mais a mesma graça!

Minha Avó Didi, foi mais que uma mãe pra mim, foi minha melhor amiga, como a avó Cota dela, foi pra ela.

Me ensinou tantas coisas, e a principal, amar a Deus!

Sobre ter vergonha na cara, sobre honestidade, sobre sinceridade, e sobre ser humana. "Minha filha, não tem ninguém perfeito!"

Vovó Didi era muito idônea. Foi viúva por 25 anos e ninguém jamais, teve o que dizer de sua conduta moral. Zangada que só ela, mas tão amável, tão prestativa e solidária.

Vivi muitas aventuras também com ela. Idas pra igreja em dias de chuva, idas ao centro, quando ela me deixava aos cuidados das vendedoras da Casa Rendada, pra rodar a Rua grande todinha e voltar tempos depois e prometer um lanche do Garoto do Bigode.

Sem contar, das fugidas dela pra casa da tia Irades.

Tantos cuidados, tanto carinho! A casa preparada pra minha chegada...

Ah Vovó... Como te esquecer?

Eu só tenho a agradecer a Deus por ter vivido tudo isso com meus avós!

E se os seus avós, não foram como os meus... Perdoe-os! Tem gente que não consegue transformar um limão em limonada, e devolve o limão. Só dá o que recebe!

Mas você pode fazer diferente!

Ame, perdoe e mude!

E Você que tem avós vivos... APROVEITA!

Luciana Cunha
Enviado por Luciana Cunha em 26/07/2020
Reeditado em 26/07/2020
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